você que já veio e você que está

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Assimetria

Quiseram-te levar, gritaste por alguém
Vieram?
Deixaram-te para lá, entregue ao luar
Com a roupa que vestia
E gritaste em companhia
Do mar
As ondas, o barulho
O cheiro, a doce brisa
Vestias uma sainha rodada
Sentias-te sozinha
E um tanto mais bonita e alentada
Foi quando ali surgiu uma espada
E tu, calada, abaixaste para ver o que é que era
Nada demais lhe parecia, ferro em objeto
Pegaste em tuas mãos, olharas mais de perto
Pulaste para trás, que de dentro saltou uma fera
Perguntaste nome dela, disse a ti que não falava
Mas como poderia ter te dito se tua boca não pronunciava?
E o que era de dar graça era a tua falcatrua
Nem a ti nem ao bichano enganaste afinal
A rua, que era tua, a fera, o animal
Era tudo brincadeira de um sonho
De quem já adormeceu
E ainda não despertou
Da noite que trouxe o sono

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Luana

É tida como sempre a mais bela
Formosa donzela
Insana

É moça por demais veemente
De tão envolvente
Humana

Inveja é de que é rondada
Pelas tantas despeitadas
Fulana

Mas ergue o queixo e se vai
Em sua altivez ela sai
Bacana

Pois sabe que o mundo a adora
Apesar das vulgares de outrora
Luana

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Maria Belém

Essa é mulher de bem
Marido antigo, filhos, um par
Sobrenome, ela também tem
Mas é de Maria que vamos chamar
Amigos, não tantos
Falar, quase nada
Tomava para si até mesmo os prantos
Que a pudessem ferir como a uma escrava
Nunca abrira de fato um sorriso
Talvez que tampouco conhecesse alegria
Seus sons mais comuns eram todos gritos
De dor ou apenas de platônica nostalgia
Mas acima de tudo, não se pode negar
Que embora sem mesmo no bolso um vintém
Nunca se houvera deixado de falar
De tão ilustre Maria Belém

Vanessa

Deixe que a noite escureça
E uma nuvem espessa o venha encharcar

Deixe que se entonteça
Titubeie e desfaleça, que ele há de acordar

Terá o que por bem mereça
E quem sabe adoeça por tanto penar

Chegar-lhe-á até a condessa
E, de forma travessa, o provocará

Ele, as mãos na cabeça,
Dirá que não se entristeça, mas que não poderá

Pois ela não o deixa que esqueça
Essa tal de Vanessa, em quem ele só faz pensar