você que já veio e você que está

segunda-feira, 30 de março de 2009

Mais

Tudo isso é mar demais para mim
Ou serei eu mar demais para tudo isso?
Ou serei eu mais demar para ido tusso?

Obs.: (Se eu tivesse ido,
Imagina se me afogo
E tusso?)

MORRI!

MORRI!

Agora que morri, me queres?
Agora desejas-me de novo?
Agora que sabes nunca mais poder
Ter-me
Queres que eu volte?
Agora queres voltar?
Queres agora me amar,
Beijar-me
Ter-me
Ter-me
Que eu te tenha?
Agora sofres?
Finalmente agora sofres?
E choras?
(Queria tanto ver-te chorando...)
Agora, se pudesses, tu ligarias
Para ouvir por um segundo
Minha voz?
Correrias na chuva atrás de mim
Como eu por ti fiz tantas noites?
Agora é que vês
Que sem mim tua vida não é vida
E minha morte é tua morte um pouco
Agora sentas-te e sentes-te louco
De pavor
Pois hoje não me verás
E não na semana que vem
Pois semana que vem não há?
Agora que morri,
Te vais matar?

Agora que morreste,
Vivo de volta eu.

Madrugada

Te amei entrecoqueiros
Dianoite noitedia
Clareava escurecia

Os suspiros derradeiros

Morte Morte Amor
amor morte
Amorte
Somos os

Somos primeiros

quinta-feira, 26 de março de 2009

Dama de negro

Teus braços na dama de negro
Na dama de negro não em mim
A dama usava o cabelo
De um jeito arrumado puxado para trás
Num coque bem preso
Teus braços teus olhos o teu coração
Na dama de negro na dama de negro
O vestido durava até os pés
Minha vista acompanhava o tecido ao fim
E no fim
Lá tu estavas
De ombros curvados
Beijando os sapatos
Da dama de negro em vez de a mim
A dama de negro a dama de negro
O doma de negro o toma
para si

sábado, 21 de março de 2009

Lalalá

Arranho grito rouco 
Em quarto oco 

Ouça-me:

Sou o rouxinol louco 
      Da 
Ma
           Nhã

quarta-feira, 4 de março de 2009

A Rosa Que Eu Era

Agora nem mais eu sei de mim
Bosques dentro de mim
Pararam de florear
Pois paraste de me plantar

Espelho não diz mais nada
Meus braços cansados cansaram de abraçar
Já não abraçam porque não querem abraçar
Agora

Que é que fez de mim
Que é que terá feito
Esse tempo miserável
Esse miserável no tempo

Tu miserável no tempo
Fizeste-me miserável há tempo
Fui uma rosa despetalava
Enquanto te ia te ia querendo

Mais te queria mais despetalava
Menos rosa era
Já nem tinha esfera
De rosa

Mesmo o lírio
Alvo como é
Sabe ser mais rosa
Do que a rosa que eu era

Bosques dentro de mim
Pararam de florear
Paraste de me plantar
A rosa que eu era já era

domingo, 1 de março de 2009

Naufrágio em Aguardente

Pinguei gota molhada de cana no canto
da boca seca
Enquanto via-te passear para longe

Quis-te ir buscar trazer de volta
Cá perto por quê? Por que tinhas que partir?
Foi aí
bebi aos montes

Fui contigo aos mais
belos e obscenos
cantos da minha mente

Transportei-nos gole a gole
Entre delícias e martírios

Sentia-me mal ao sentir-te bem mesmo eu sentindo-mal ao sentir-te distante
Te queria te queria sentir
E só

Te tenho às vezes às vezes não quando
não te tenho escrevo canção
Poesia bebida amargura coração

Entorno a cana ariba abajo al centro adentro
Cana cana aguardente
Pinga um pingo de solidão