você que já veio e você que está

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

tantas pessoas querendo mergulhar em mim, eu não deixo tentando te afogar.

domingo, 30 de outubro de 2011

acomodei pra rir

não estou com vontade de mover um dedo para mexer nas coisas quem vem. aceito tudo como vier, assumo que mexer é não deixar vir como deve.
coração, nada demais, ferro em objeto.

sábado, 29 de outubro de 2011

mais um pouco estraga

foi grande
já diminui
vai diminuir
até tornar-se pouco
e então nada

é como acontece

acho que quando
não houver
nem mais tesão
nem mais afeto
é que não te desejarei
escrever
nem mais um texto

perguntei com os olhos dúzias de dúvidas

e as respostas meninas sapecas de 18 anos

tão reticentes a pele de pêssego e os seios rijos

quanto um

não importa

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

(Um texto é) pra dizer o que não se diz alto

Estou te esperando com meu all star laranja, meus óculos redondos e minha blusa do Clash. E minhas horas que viram anos e meus olhos embaçados de lágrimas. E novas bandas que quero te apresentar, meus novos hábitos que quero te apresentar, meu mesmo perfume. Estou te esperando com uma caneta na mão, desenhando sobre o papel de seda da mesa de um restaurante novo. E com as perninhas balançando. E minhas mudanças constantes de posição. Estou te esperando com dinheiro pra pagar táxi de volta. Com fome. E uma porção de histórias pra contar, que não vou contar, claro: quando te vejo emudeço. Estou te esperando com outros caras que beijei e não gostei, beijei e gostei mas logo lembrei de você de volta e parei de gostar. Estou te esperando de joelhos, sem joelheira. E sem nenhuma dignidade. E minha falta de pudor, e meu excesso de pudor, e toda a minha racionalidade. Estou te esperando com nomes que é feio falar. E no cio. E minhas entranhas ardendo, e andando de um lado pro outro, e sentando e levantando, e checando o celular. E os novos livros que li. Estou te esperando com os filósofos que conheci nesse tempo, com Spinoza e Epicuro e outros. E cheia de mentiras pra não te deixar perceber. E minha pose. Estou te esperando com minha pose e meus cabelos secos e o vinho seco que você me ensinou a gostar. E novas poesias. Estou te esperando com muito mais dor e o sorriso falso de sempre, e os olhares de canto de boca e a falta de diálogo. E o medo das suas aventuras e a tentativa de produzir aventuras minhas pra te botar medo. Estou te esperando completamente cheia e completamente vazia. E cheia de esperança e vazia de tudo. E minhas antigas meias em losango escondidas debaixo do all star laranja. Que você não vai enxergar. Estou te esperando com tudo o que não vou mostrar. E com a mesma fraqueza forte de sempre. E uma saudade filha da puta. E toda a parte da história que, porque é a mais bonita, é minha invenção.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

me tens como um bife à milanesa

vou na correnteza
dum olho sequer turquesa
deixo que notes em minha nudeza
nos braços, nos seios, nos lábios a rijeza
e que sem nenhuma gentileza
te aproveites de minha fraqueza

se é questão de defesa
ergueres uma fortaleza
feita de aspereza
e, nesta rudeza,
esconderes tua grandeza

faço apenas lamentar a vileza
que é me teres qual presa
que é me tirares a pureza
que é me molestares a natureza


me intriga só a morbideza
do saber que não há em lugar algum tanta clareza
como em toda essa tua infinita incerteza

tu me enrolas, me fritas, me tens à mesa
como um bife à milanesa