você que já veio e você que está

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Outro de fim

Joga-me fora devagar
que vou de choro
todo o caminho
enquanto sou casca de maçã
papel picado
desço em moinho

esgoto.

Sou correnteza fã
que logo mais
desce o boeiro
em furor de

arroto.

Olha meu amor se indo
partindo para nunca mais
ele vai sem porque,

quiçá volta atrás.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Do momento now


1. Tenho encontrado paz e tranquilidade em tudo aquilo que antes afirmava ser impossível fazer parte de minha vida. Gosto de ir à praia. Gosto de olhar o mar. Gosto de pensar em mim enquanto olho o mar. O sol batendo em minhas costas já não me incomoda como antes, pelo contrário.

2. Penso na ideia de um filho. Penso em mesmo teto com alguém que vai acabar barrigudo e de quem vou torrar o saco quando estiver entediada.

3. Estou mais plena para as coisas. Não acho mais que só preto pode ficar legal. Não sinto mais que sou rebelde. Não me sinto uma pessoa rebelde. Embora eu seja, eu seja uma rebeldezinha. O negócio é que não tô mais afim de ir, necessariamente, contra nenhuma dessas correntes. Os sensos comuns. Estou ok com os sensos comuns. Prova disso é que estou usando as maiúsculas e as pontuações todinhas.

4. Tenho agora algum, veja, algum tato sobre minhas responsabilidades. Eu poderia telefonar para algumas pessoas de quem tenho os números e pedir desculpas. Mas talvez não fossem tão sinceras quanto o fato de eu não telefonar. Fico nesse dilema, é um saco.

5. Passei a gostar de Yakulte. Acho mesmo que estou me aceitando, é, talvez esteja me aceitando com meus dedos curtos e grossos de criança, mãos descascando de psoríase, unhas encravadas e doenças e mais chateações. Talvez o que eu precisasse fosse me sentir parte do caminho. Talvez o próprio sentir-se parte seja a porra do caminho. Sei que estou no chamado começo da vida. Em quanto tempo, mais ou menos, acaba o começo? Quanta dor ainda vem, coisa e tal, blá blá blá?

6. Um bom começo está sendo não pretender nenhum tipo de metamorfose instantânea. Por exemplo, maturidade é saber que tem um pacote de nuggets com recheio de queijo congelados no frizer e sequer passar perto daquela coisa caloricamente deliciosa. E a despeito dessa maturidade, fui eu mesma quem comprou o pacote.

7. Eu tenho pensado sobre o assunto e relembrado de pessoas que passaram por minha vida. Os caras mais estragados sempre iam ao banheiro e voltam sem pelos na cara. Acho que todos os bêbados fazem a barba numas de se purificar, mas só os bêbados comedores, existem bêbados barbudos e esses não comem ninguém.

8. Tenho um namorado cujo sobrenome atearia fogo no meu há 50 anos atrás. Eu sou uma má judia e ele é um mau alemão, nenhum de nós pratica a própria natureza, por isso passamos noites tranquilas, um não tenta matar e outro não foge ou morre ou entra para a Resistência.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

ele é tão doce

ele fica lá
fazendo o seu negócio
e me dá parabéns por alguma novidade
enquanto eu escondo que tenha importância
e ele também -
sentados na escadaria
- ele também me olha fixo e eu sou fugidia e pergunto, o que foi?, e então ele desvia o olhar
ou diz, tô admirando a sua beleza, ele é tão doce
e fugaz como cada estrela
eu certamente o
amo
de modo que é impossível não
amá-lo
não a ele, ele é tão
doce
e sempre foi impossível me sentar a seu lado
sem que alguma parte de meu corpo encostasse
bruscamente na.cara.dura em alguma parte do corpo
dele
partes pontes
ele é tão doce
eu me levei tantas vezes até ele
e o trouxe e ele se trouxe e ele me
buscou até si
e ainda nos levaetrazemos e buscamo-nos
a cada beijo que vai daqui
prali, ele é tão doce
e é um amor daqueles
de se fechar os olhos e apertar amassar apalpar
e embalar,
boa noite.

cocôs

eu já fiquei semanas sem fazer 
cocô
digo, nunca me saiu
fácil, sempre foi uma questão.
mas hoje 
descobri que beber água pode
me ajudar com isso. 

e então pensei, bem, 
isto vale um poema. 

eu não sinto vergonha de 
meu cocô
e é mais provável que ele sinta
de mim. 

cocôs 
alguns deles irão para o esgoto
alguns deles entupirão a privada
alguns deles ficarão presos
em bundas
e tentarão sair forjadamente 
como peidos
mas este não é um poema 
sobre peidos.

o cocô é como 
uma metáfora
uma trouxinha para viagem
da realidade crua
do interior do teu ser

não tem nenhum segredo mirabolante
do âmago do teu ser
que o teu cocô
não revele.
e se não quiser que saibam
dê a descarga.

esta é a verdade
e cocôs são coisas
verdadeiras e transparentes
e você pode confiar neles. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

serpentes oferecem Frutos Proibidos, evas perdem paraísos

cavalos relincham em coro, passageiros chacoalham, meninas e meninos gemem, 
serpentes oferecem Frutos Proibidos
evas perdem paraísos, caolhos oram 
por visão

este é um bom panorama geral 
o teu sorriso faz tremer o
chão
uma britadeira 
também


tudo e nada são de minha posse e 
sonho com 
carruagens 
onde é claro eu possa 
fazer silêncio
carruagens
como o teu peito nu 

quando amo
tenho pendurados em meus ombros
braços que não são meus
sob meu nariz boca que
diz o que eu não
disse

belas beijam feras,
erva enrolada metida para dentro, mais erva enrolada metida para dentro,
dormir quatro pernas acordar coxas 
amor 
que me encarcera 

entre minhas orelhas
olhos que não me pertencem
cravados em minhas mãos
dedos que não possuo

conto nos dez aqueles que
me vieram à galope
tu 
me vieste à galope, violento, ao mais violento dos galopes
e quase nunca foi tão doce
esse galopar 

nem tão difícil segurar em 
rédeas


quando amo 
surgem de meus cabelos cachos
que não tenho mora em minha casca
alma que nunca vi sonha minha mente com 
quadros que não pintei

raro
conversar com carne,
a tua tagarela

andam meus tornozelos sobre pés
que não me sustentam
quando amo
é cada parte de meu ser
do ser que amo

palestras no meu ouvido em dó menor - e
peço que não entre com lama
nos pés no meu

CoRaSSão


e me olhe devagar no ritmo de
quem perde a competição
enquanto te amo num salto, à distância

proponho a viagem ao fundo dos afetos
que façam pulsar o meu e o teu corpo
e assim comecemos a diminuir
até que uma lata de Brahma
nos beba a nós dois.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

fodeu

fodeu
já não acredito na palavra noite
sem
a geminada castanha 
dos seus olhos!,

as dimensões do seu
silêncio &
as explicações infindáveis
sobre todo o tipo 
de coisa!

há!

bem!
é uma questão de tempo
e o troço se resume sempre 
às mesmas picuinhas 
mas, sim, ué, sim,
você pode significar amor e
você pode significar mais amor ainda

é, gostaria que você estivesse
debaixo do mesmo céu preto
que eu 
esta noite
porque simplesmente não consigo saber sozinha
que raio de estrela é ou não
parte do rabo do escorpião

& atravessar a rua sem 
perigo de morrer 
não é lá tão divertido
e aí penso no quanto
a pressão da sua mão na minha
cintura viria
a calhar agora

quer queiramos quer não estamos
qual trutinhas recém pescadas
nos balançando incessantemente até
a hora da morte 
em nossas redes

e até lá
nos lambuzaremos nas gotas
de nosso próprio suor e
nas juras quietas do vão de nossos
lábios

que, como tantos e em tantas vezes
quiseram deixar de vomitar 
EU 
blé
TE 
blééé
AMO

mas!,
 
vômito 
não pertence exatamente 
ao grupo daquilo que se pode 
impedir que aconteça
assim tão 
facilmente.

terça-feira, 19 de junho de 2012

escuridão acesa

você também escreveria poemas como este e alguns
outros que vieram antes e virão depois deste se
quando se despisse pela manhã encontrasse por toda a 
superfície de seus pensamentos chulos sujos solitários
hematomas roxos e verdes e amarelos

caso o seu cérebro se resumisse diariamente a um 
congresso de sofrimentos e caso você se cansasse 
de maquinar e maquinar e maquinar e maquinar e ma
quinar a todo e qualquer momento e não existissem 
por aí mais túmulos como os de antigamente

as coisas em volta jazem muito menos do que eu
que interminavelmente solto óleo pelos olhos e este
óleo tem cor e ao que tudo indica sabor e direção
& o meu peito bomba de gás carbônico que cedo se
contrai à escuridão da ex-alma acesa

não lhe desejo a visão espectral que me cumprimenta
sonsa e copiosamente por cada novo dia e cada nova noite
e nem que tome sustos nas ruas que se seguem pelo bairro
e nem que fale tanto a palavra "caralho" e também não
lhe desejo que confunda alucinações com milagres

debruçada neste colchão meio mole penso em como 
não quero nunca que você se sinta estranho e nem com 
vontade de cometer as mesmas loucuras que eu, prefiro 
que esteja sóbrio e se vista de coruja e me vigie quando 
eu estiver anestesiada demais para sentir meu nariz escorrendo


nos meus sonhos você passeia vestido de azul & viaja pelo 
mundo e também volta sem lágrimas ou correntes e o meu
amor não é o peso que você carrega quer esteja eu louca 
minha cama lhe contém e você me contém e o seu sol conté
inteiro jardim florido de minha nova alma reacesa. 




sexta-feira, 15 de junho de 2012

QUIZZ

você já se levantou pela manha
e sentiu o seu rosto completamente
desfigurado 
como se
tivessem passado 
a borracha?,

teve alguma memoria de outras
vidas
quando provavelmente levava
chicotadas ou então
certamente abanava o rabinho e 
lhe davam ração?,

quantos botoes você aperta por dia?,
você tem simpatia pelo Papa,
o Papa lhe parece 
um cara legal?,

você preferiria uma arma ou um macaco, que não deixa de ser uma arma?,
coisas frias ou quentes
você come 
com
mais prazer?,

você se casaria de macacão azul?,
você acharia ok se um dos
sete anões 
fosse uma lésbica travestida,
embora ainda assim 
anã?,

você já teve a sensação de que
o monstro que 
vive embaixo da tua cama
morre de medo de você?

quais tipos de coisa você não
acha nada
normal?, 
se sai sangue de 
qualquer parte do seu
corpo
você fica histérico ou
nem liga?,

você gosta de mangas?, 
você já percebeu como LARANJAS 
soa melhor do que MANGAS?,

eu nem ligo.

domingo, 10 de junho de 2012

madrugadas inertes de depois de outras noites

é quando penso
nas madrugadas
inertes de depois
de outras noites

que me proíbo
de pesar mais
que meus pró
prios quilos
nas que se
seguem

eles pensam que
sou escrota
mas na verdade
sou só uma ótima
pessoa com
problemas civi
lizacionais

eu te amo você
me ama isso é
bacana mas
você não é di
ferente de todas
as algemas e
nem eu

certas agulhas
se pode evitar
mas de todo
jeito
nos dispusemos
a deitar na mes
ma cama por
algum tempo

quando cansar
da felicidade
como costuma
acontecer hora
ou outra por
aqui juro te
escrever um
poema de novo

um poema daqueles
de se ler empunhan
do lenço de papel
Yes
um poema bem
bunitinho...

hehe
he

escrevo quando
é o que me resta
um pouco
de dores
pra não dizer que

falei de flores

terça-feira, 5 de junho de 2012

eu acho que você deveria ler isso daqui porque talvez seja o máximo que eu possa te escrever

você me deixa furiosa
com todos esses fios de cabelo que eu quero tocar
com vontade de ser o seu universo um universo pequeno o
bastante para só caberem dois

você instiga a minha loucura
eu invejo a forma como as palavras saem da sua boca eu
queria sê-las

você me vê de jeitos
me olha de jeitos
me pega de jeitos
toca de jeitos
como eu queria
Ser
de todos esses

jeitos

eu roeria todas as minhas unhas por
um meio sorriso seu
mas naturalmente cobraria
coisas
em troca

você dentro de mim
um poema dentro
do outro
um metapo
ema

tenho mais coisas a te escrever
do que você
suporia.

domingo, 27 de maio de 2012

tenho problemas com pessoas que me avisam que meu cadarço está desamarrado

tenho problemas com as mesmas gaiolas
por muito tempo
embora reconheça que dias difíceis
também assolam pássaros
como quando chove pela manhã
e eles precisam abrir o bico e
cantar
de qualquer maneira
porque são
pagos para isso

e entre outras coisas
no me gusta pensar que os
perfumes cítricos
percam espaço no mercado
ou que eu tenha que combinar
cores de roupas
ou que eu tenha que combinar
os meus modos de ser com os
de todo o resto
das pessoas
quero que esse tipo de coisa
se foda pro,
fundamente

veja
não posso ser o calor esquentando o sol
peças iguais de quebra cabeça
que no final das contas
apenas não prestam
para nada
sou antes o anti status quo
os planetas desconhecidos do sistema
a ansiedade de todo minuto-de-silêncio
e tenho mãos menores
do que se suporia 
diante de todos os pecados
que já cometeram

reacionários funcionarão comigo
como o corretor automático 
que mete uma linha
vermelha debaixo de tudo de errado 
que escrevo
e quando aperto ENVIAR
puff
some
feito
poeira

sabe
a questão gira em torno de 
princípios absolutamente singelos 
você próprio 
tem coisas que você chuparia
e coisas que você não chuparia
e o mundo todo 
gira em torno de princípios absolutamente
singelos como 
este

tenho problemas com pessoas que 
Me 
Avisam 
Que 
Meu 
Cadarço 
Está
Desamarrado
elas me mostram diariamente o significado
do ódio no seu estado bruto
cada macaco no 
seu galho
conto
do
vigário

a maioria das coisas pelas quais
você daria a... vida e abriria o cinto e 
abaixaria as calças
para mim não valem um
pão com feijão
e eu cuspiria nelas
pra não dizer coisa
pior

e este não se trata de 
um poema como aqueles 
que desmerecem as coisas
genéricas 
simplesmente pelo fato de que 
as coisas genéricas 
no geral
nunca tiveram MÉRITO.

terça-feira, 15 de maio de 2012

sem pilha luz não pisca

o jeito como me olhava
com a fissura de um drogado
quantas vezes fomos explosões
na Noite Carioca
em nossos próprios
cômodos

você me simplificou a uma
viagem de ácido sua
uma viagenzinha de ácido sua que canta
músicas e
chupa bolas

você me escondeu
como olheiras de três dias virados
sob óculos escuros

você se parece tanto com os
outros sombrios e sinistros
com o mesmo rosto ossudo e
os mesmos olhos
que me é impossível deixar
de pensar,

quem é a nova
infeliz capturada por esse rosto
ossudo e esses olhos agora?,

e quem é a nova infeliz capaz
de ouvir latidos que
duram dias a respeito da
paixão que o move fervorosamente
contra tudo e todos?,

e como seria te ouvir falar
sem nada daquela repulsa por
dias de sol ou coisas coloridas
em geral?,

mas é provável que você continue
o mesmo criminoso chato
cometendo todo tipo de mesmas
merdas.

roubando corações só pra dar
uma volta no quarteirão
dizendo eu te amo por atenção
e essas coisas

seduzindo árvores, copos, fivelas, sapatos, paredes
garotas
e essas coisas

subindo em árvores frágeis e
beijando de língua cáctus
como suicida, e afundando cada

vez mais esses olhos nessa cara cada
vez mais ossuda como pedras
de gelo em copos

de whisky cada vez
mais frequentes.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

TIM TIM

picada a todo o momento pelos
mesmos insetos
tenho a sensação de estar sob teias de aranha
artesanalmente manufaturadas
por aranhas
em túnel estreito de metrô
imobilizada por

pinos enferrujados
sou toda a angústia e o caos
ouço o tilintar do
caminhão de lixo lá fora
eles poderiam me levar
esta noite

brindo e enfio goela abaixo as só minhas
noites eternas
que faço passar aos goles
mas
não posso deter

em nome das rãs de esgoto
das putas vintage da Augusta
das tulipas murchas
das presidiarias de Cuba
das músicas ruins,
amém.

terça-feira, 1 de maio de 2012

ao duvidar de vc, pus à prova a existência de unicórnios, o q é absurdo. eles existem, é fato.

pecado: querer saber como aquele q fala a tua língua mexeria a língua dentro da tua boca.

ora ora veja quem está aqui não posso me demorar muito na sua frente ou vou acabar aí debaixo.

hj vi dois velhinhos paquerando e entendi como se faz.

jack é o homem de ferro, esta é a unica explicação plausível para que todos boiem e só ele afunde.

que vc não goste, para mim, é atestado de qualidade.

"toda segunda devia ser feriado", e então vc teria problema com as terças. 

dedo indicador passeando em riste da esquerda para a direita, não. 

domingo, 29 de abril de 2012

nome na etiqueta

aqui em casa tem um lugar onde tudo pode. uma caixa sagrada, q guardo dentro do bau q fica do lado da cama q dentro de poucos dias jogarei fora. enquanto isso la dentro vivem desejos dependurados, feito anjos, feito gente indo se jogar da janela. bando de suicidas. desejos-bomba. ali tb moram minha covardia, essa essenciabitual, meu percentual escroto, as coisas q faria a pessoas q amo sem ligar a minima, pecados capitais, os sete, q dirá luxuria. pra q boca tao grande?, pra q dedos cismados?. estamos falando de uma genialidade sem limite de ser genial. q caminha ao longe, muito ao longe da estupidez, num campo desértico q ninguém mais pode alcançar. dentro da caixa sagrada, tudo pode. aqui, palavras são o objeto, o fato, o feto. q logo aborto.

domingo, 22 de abril de 2012

limão e sal vão com tequila

repare em como bêbados olham
rostos desmanchando sob o próprio pescoço
caras e garotas
querendo saber quem ama quem
isso pode ser lucidez

tem gente uivando à noite
ou dolorosamente ou gozando
tudo modos
de chamar & medo
de gostar

a dor de se ver na rua cabelos parecidos
com os de quem se quer agora
roubando metade do seu edredom
& confundi-los conscientemente
conscientemente confundi-los
uma dor promíscua de
tão intemporal

tem algo de cemiteriesco no pós-amor
- e isso não tem a ver com um coração intranquilo -
pense em paisagens desérticas & domingos
& ser negado por alguém e isso não
cheirar nem
feder
& almas que não têm mais bombas
para despejar
em outras almas

daqui a uns dias cê vai fazer aniversário
& consigo me lembrar de estar esticada numa cama
que nem sua era
& você sentado de costas para mim
como de hábito
pouco se fodendo pro poema do bukowski
que eu quis mostrar
alguma coisa sobre
deus
fiz questão de esquecer

versos sobre você
sempre estragam as mi
nhas poesias
estou cansada de saber disso - mas é mais forte do que eu - qualquer coisa é
eu não me pergunto mais a seu respeito
embora às vezes sonhe com toda essa
merda
& confunda isso com dor
{tem coisas engraçadas sobre mim
eu nao pratico religião
mas gosto de CHOCAR pessoas
dizendo
palavras em hebraico}

pense em duas meninas
a outra andando na direção contraria sem olhar para trás
enquanto uma
sorri desenfreadamente e faz barulhos em tons agudos
& acena para você
& te chama para jantar &
te oferece uma massagem com
happy end
cague para ela e
pense em tudo o que a outra pensava quando
se afastava

inevitavelmente chega a hora em que nem todos os
seus sinais são sagrados para
alguém
& chorar não é tão fácil & navegar não é preciso
as últimas vezes que te tentei foram por 1 singular
motivo:
o que tinha a perder a não ser tempo
& ritmo?
mas agora eu tomaria um chá
& acharia mesmo simpático você não estar aqui
sentado de costas com
uma barba de 3 dias que eu
nunca poderia conhecer.

terça-feira, 17 de abril de 2012

coisas

existem coisas
como conversas a dois na madrugada
estupros e filmes sobre estupros
catequizações com ou
sem religião
coveiros beberrões de camisas xadrez
que não dão a mínima

existem coisas como
se enganar à respeito da melancolia
de alguém
- anjos dançando rock -
se enganar à respeito da anjabilidade de alguém

existem
coisas como copacabana
morar em copacabana
amar copacabana ou
simplesmente passar de ônibus
por copacabana

existem coisas como rejeitar
flores de rapazes de estatura baixa
e dizer que as enfiem
no cu
existem coisas
mais antigas que a
indiferença

existem coisas como estar errado
mais uma vez
rezar para um deus de lego
rezar para um deus power-ranger
existem coisas
como juramentos
e quebras de juramentos

existem
coisas como
fechar os olhos para ter visões
pessoas que reviram lixos
pessoas que miam para gatos
pessoas que andam com araras pousadas em
seus antebraços

existem coisas como mais
de 1 caso de esquizofrenia na mesma família
coisas como agnósticos e diagnósticos
coisas como deus
filósofos
cientistas
& tabagistas
& empresários

existem coisas
como beijos ótimos
e beijos parecidos com agulhas
gelecas
máquinas de compressão
plantas carnívoras

existem coisas como caras
de bigode
que ficam legais
e caras de bigode que
ficam parecendo grandes bigodes
e não caras de bigode

existem
coisas como tomar
cachaça
tomar dores
tomar elevadores
& coisas como - diante de tudo -
tomar notas

existem coisas como poesias boas
e ácidos de má qualidade
o amor e ter um cotovelo em que esbarrar à noite
e a magnífica
inconsútil
pura
solidão

e todo o tipo de outras coisas.

domingo, 8 de abril de 2012

sobre a solidão I

entendo por força de experiência o que significa amar a solidão se se deseja produzir em si mesmo alguma espécie de nascente de criação. as pessoas têm dificuldade em estar sozinhas. me pergunto se elas têm medo de estar sozinhas ou se desconhecem a profunda ilimitação de que são dotados os seus próprios corpos, mentes, almas. vêem tristeza na condição solitária. como se não reconhecessem em si mesmas nenhuma possibilidade de independência ou fugissem da liberdade, ou da libertação. como é que se pode dizer que se está sozinho dentro de uma sala de cinema, enquanto há pelo menos outras cem pessoas ao seu redor? o que significa estar "sozinho"? quando você está "sozinho", dentro da concepção cultural do que isto signifique, está muito menos em uma posição exibitiva, significa, expositiva, que se mostra - e mesmo se encara -, do que aberto plenamente para tudo o que existe. deve, na teoria, ser algo contrário ao que se deve temer executar, que é a atividade em vez da passividade. quero dizer, é óbvio que acaba havendo o encontro de si, mas o verdadeiro, desta vez. o que reconheço naquilo em que me reconheço é a questão. a verdade é que estamos comumente arraigados demais em um "ter-de-ser" social, e não nos ocorre, em absoluto, que possamos desfrutar de outros tipos de experiência. o mais absurdo é que, diante da riqueza de tudo em volta, preferimos não estar marcados. o que mais me irrita são as pessoas sem noção de espacialidade, e existem mais pessoas deste tipo do que de qualquer outro. a falta de consciência sobre o próprio espaço que ocupam dentro de um espaço, isto me irrita. eu não tenho a obrigação de sair, mas ninguém tem a obrigação de ficar porque eu não saí.

continua.

sábado, 7 de abril de 2012

step 2: um riso quase invernal mas sem fogueira e marshmallows

tenho me encolhido tipo caracol
enquanto a vida, fora
tenho sentido pouco
sentidos poucos
tenho selado manhãs
passado tardes sentada na varanda
esperando alguma nuvem engolir o sol de uma
vez
tenho gostado de lavar os cabelos e de vê-los
secar no contravento
tenho esgotado a paciência
falado pouco
tenho percebido que venho há meses escrevendo sobre
nada
esta é a decepção do ano
tenho tido vontade de rasgar
todos os poemas
tenho rido dos amantes
um riso quase invernal mas
sem fogueira e marshmallows
tenho estado apática
estática e com gosto de abóbora
tenho parecido um pouco
mais laranja
tenho comido pra caralho
coisas que não podem fazer bem
e coisas que não podem fazer bem
têm me comido também
tenho saído da linha imaginária
tenho detestado estar perto de mim,
dentro então.

sexta-feira, 30 de março de 2012

step 1

e o mesmo segue, vc imperando, eu esperando, tentativa de segurar água com a mão, mas não é da natureza da água e não é da natureza da mão. as tardes que passo sentada escolhendo palavras para poemas. as noites que dão em manhãs de morte. banho de hibris em vez de banho de mar. madrugadas de convulsão no espírito. é como funciona a dinâmica da fantasia por aqui. pensa comigo. para a presa, o predador é mau. para o predador, tanto faz a moral da presa. ele apenas fecha os olhos e exerce a sua força. arranho o patente querendo o latente, mas ele está lá e ali, aqui só o que é é que é. step 1: amar a solidão.

domingo, 11 de março de 2012

o outro lado do muro

você se escondendo.
estou te vendo por trás do muro. as mãos
ingênuas e a cabeça pendendo.
uma vez rapidamente cor de castanha pupila branco,
acho que vi olhos.
você não percebe que te assisto. rio
da maneira como você se acha invisível.
vou até você. estou vestindo um lenço grande e branco,
um lençol. um lençol branco molhado. o lençol se cola aos
meus ombros e barriga. descalça. pisando em pedras portuguesas geladas
pelas gotas de chuva que o céu derruba.
meus cabelos estão molhados. passeio até você. falo
com você.
oi. oi oi. Oi.
você finge de morto. não late. não dá a patinha.
eu tiro o lençol que me envolve. estou n u a. você não late.
você não morde. você finge de morto. eu jogo o lençol para o
outro lado do muro. fecho os olhos para ouvir o barulho do estilhaço.
não faz barulho. você finge de morto. eu tiro os cabelos. jogo para o
outro lado do muro, cerro os olhos, você finge de morto,
não faz barulho. arranco-me os punhos. arremesso.
não faz barulho. pinço a boceta. taco para o
outro lado do muro. você finge de morto. corto as pernas
os braços e atiro, e atiro a boca e as orelhas com ouvidos, e
pego o nariz e os peitos, umbigo, cu, costelas, dedos com unhas, pés
com dedos e unhas, lanço. cerro o par de olhos que resta.
não faz barulho. você finge de morto. você não late. você não morde.
continuo lançando os olhos. continuo lançando os olhos.
com o par de mãos que não me resta.

terça-feira, 6 de março de 2012

eu não prometo mundos, mas fundos eu garanto.


não existem definições modernas. e nem tradicionais. a matemática é simples. burrice procurar uma pessoa que não te faça sofrer. procure simplesmente uma pessoa por quem sofrer não seja a única coisa q vc faça.

pedaços mortais de esquisitice barata

os bizarros têm uma espécie de adoração por mim
parece que sentem como
se com meu silêncio e um olhar
qualquer
eu os tivesse tirado do centro solitário de suas próprias bizarrices e os
trazido para um lugar até decente
e legal onde todo o lance da bizarrice
é aceito, bem aceito e até meio cult
os bizarros sempre me amaram
e aos outros esquisitos
alguém entre os tarados precisa
enxergar que não sou nada de delicioso
alguém entre os rebeldes precisa enxergar o meu
comodismo crônico
alguém
entre os próprios esquisitos
precisa enxergar que não sou nenhum
tipo de pastora pro rebanho deles
e então
estes metro e sessenta e sete olhos
castanhos vinte dedos par de pés
estarão oficialmente arruinados
estarão arruinados e será oficial
estes olhos e dedos
orelhas bexiga intestino
coxas grossas e a coisa toda
voltarão a ser o de sempre
afinal
pedaços mortais de
esquisitice barata.

segunda-feira, 5 de março de 2012

"Abra-te, Sésamo - eu quero dar o fora" (stanislas jerzy lee) Ou É como peidar e torcer pra que não sintam o cheiro

éramos só dois caras de sexos diferentes fodendo sempre nas mesmas posições com uma musica ruim no fundo. eu soube exatamente quando a minha boceta ficou com cara de mesma. ele tinha uma porção de sapatos espalhados pelo chão e montes de garrafas de vinho vazias, e era claro e retrospecto que fazia uma espécie de questão de não se livrar delas. fodíamos e ele tinha olhos grandes como quisera o pau, e me encarava e dizia:
- garota, eu tenho o mó medo de você.
aquilo me deixava vaidosa como frango assado no espeto rotatório girando na frente de cachorro vira-lata. e aí eu fazia a mesma coisa todos os dias, enfiava a calcinha e a saia e o que mais tivesse pra ser enfiado e soprava no ouvido esquerdo, quente:
- olha, eu tô indo nessa. 
e aquilo o fazia querer morrer e eu sabia disso e por isso fazia e tornava a fazer e então fazia de novo e com ainda mais gosto. E numa dessas noites muito parecidas murmurou, com os lábios bêbados e se virando de lado:
- não vai...
eu "tinha que ir".
- você nunca vai levar a sério.
e daí parece que dormiu um sono profundo pra caralho, e eu tive que chacoalhá-lo como não faria a um suco artificial escrito "agite antes de beber" na caixinha. não havia meio de acordar. eu precisava que me abrisse a porta, não havia meio de acordar. vislumbrei as possibilidades. caminhei até a janela, alto como um quinto andar, embora fosse só o segundo, eu poderia descer por aqui, pensei, não é nada mal, ou poderia cair e morrer, pensei, não é nada mal. não dei bola para a idéia. voltei até a cama e o chacoalhei mais uma vez, desta numa ferocidade muito mais atroz, com vontade de vencer o jogo. e ele foi e caiu. no chão. e ficou estendido. por horas. fiquei olhando aquilo. era bonito. uma imagem bonita. voltei do banheiro trazendo um copo d'água e ele não moveu um músculo da testa quando despejei o líquido naquela carinha adormecida que parecia cheia de paz, como tão poucas vezes se podia presenciar. então me rendi ao corpo estendido no chão e me deitei sobre ele e torci para que não fosse um cadáver, não ainda, ora, eu dificilmente saberia lidar com aquela coisa se ela estivesse morta. 
se não me engano mais ou menos duas dúzias de vezes na vida olhou pra mim quase que suplicando que eu dissesse alguma coisa do tipo: 
- ei, cara, eu não posso fazer você feliz.
é claro que eu nunca ter dito complicou as coisas. duas dúzias de vezes que eu poderia ter metido o pé, mas você não quer ser esse tipo de fujão. que eu poderia ter me declarado pra valer, mas você não quer ser esse tipo de clichê. que eu poderia ter dito só verdades, mas você não quer ser esse tipo de idiota. tinha vontade de gozar só de olhar pra ele. você já deu o azar de saber o que é isso? cara, eu simplesmente não sabia a porra da diferença entre aquilo e a felicidade. saca? 
dei um jeito qualquer de cair fora, mas caí na besteira de voltar na madrugada seguinte, e em todas as madrugadas seguintes, e depois só em pensamento. tem uma hora que ou vira pensamento ou então viram dias e tardes e noites e madrugadas inteiros de uma vez, e não só madrugadas. se eu tivesse que eleger um momento para definir quando foi que minha boceta ficou com cara de mesma, seria por aí. 
passou um bocado de tempo. eu nutri alguma coisa como um sentimento grande e gordo que não cabe numa cadeira de ônibus convencional, e ele ficou entranhado debaixo da minha pele fazendo companhia pras minhas veias e os meus órgãos e sangue. e nesse tempo gigantesco e infindável eu vi todo o tipo de coisa, menos a linha do fim da história que te conto, que eu tava tão ansiosa pra puxar logo. bom, o lance é que ainda que aquela paixão olhasse fundo pro abismo, era só a porra de uma paixão. 
me meti a ir até são paulo, por um ou outro motivo. no caminho ia rezando. pelo menos pior que deus e os caras pudessem me oferecer.
numa daquelas paradas pra mijar, li numa máquina de café "um momento para sonhar" e aquilo me pareceu das coisas mais incoerentes e das piores propagandas que eu já tinha visto na minha vida. café não é justamente aquela coisa pra te deixar acordado, o direto oposto do que seria deitar e dormir e ter sonhos? puta propaganda ruim né? diferente de se fosse nome de álbum do joy division com o curtis suicidado na capa. porra, aí sim. um momento para sonhar. do caralho.
(fiquei hospedada na casa do ian. ele queria me levar pra ver a vista do terraço do prédio. eu subi aquelas escadas vermelhas de emergência me cagando de medo e quando cheguei no topo, no mais alto que aquilo poderia ficar, com as mãos já suando e os punhos fracos de tremer, retornei passo a passo até ter certeza de que aquilo em que os meus pés pisavam era o Chão. puta que pariu, eu me cago de medo de altura. depois, voltando bêbada pra casa, eu pensei: i wish i had gone there. em inglês mesmo, como quando tô bêbada de verdade.)
tinha olhado o relógio pouco antes, eram sete e pouco e agora eram sete e porrada. hora de voltar a rezar. 
o amor naquele momento estava muito mais para uma cobra peçonhenta que acabou de jantar o indefeso bambi que pra um cão, mesmo um dos diabos. 

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

dois hambúrgueres tomate queijo molho especial, um pouco de café q nunca esfrie, meninotes de patins q não derrapem nas rampas, open bar à lá vontê, um livro com tantas páginas quantos os dias da vida, paixões sadias, uma verdade que se queira escutar, trilha sonora espontânea para cada situação, porte legalizado de bazooka, cebola picles em um pão com gergelim.
não passava de uma fêmea comum, daquelas q engordam com doce, cagam pra futebol e blasfemam outras fêmeas.  

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

sobre casais dos quais não faço parte e sorvetes moles, e corações

estou lendo crônica de um amor louco e ela parece ser ariana e a conta chega e eles a dividem. ela passa 40 no crédito e ele debita o que sobra. é um garoto bem bonito, e ela parece uma dessas loiras de big brother que  mostram a bunda numa dessas revistas. meninos com suas namoradas. o que sinto agora fica em algum lugar do outro lado da felicidade, pensei. sem aquela garota ali eu poderia jurar que se trata de um viado, mas não era, não era nada viado. o garçom olha pra mim coaquela cara obsessiva, me comendo com os olhos, e não é porque garçons são criaturas atenciosas, e eu bem que gostaria de dizer olha, cara, você não vai conseguir nada por aqui, e ele insiste e dura horas servindo aquele copo d'água numa languidez que eu não veria numa tartaruga, e eu olho pra baixo. a menina cruza o olhar no meu com algo que parece ser ciúme. e eu sigo olhando de rabo de olho. eu daria praquele cara. mas aí a gente acordaria e ele diria bom dia e tudo daria errado depois de então. eu de certa forma até gosto desse lugar de observadora-passiva-analítica. veja bem, eu não estou envolvida. ele pode olhar pra qualquer bunda ou comer várias bocetas e tá tudo bem porque eu nunca vou ter nada com isso, eu simplesmente não estou envolvida, não é maravilhoso?, mas também não estou lá quando ele chega no apartamento louco pra se deitar na cama e recostar a cabeça sobre um peito e braços quentes e discutir kerouac ou dizer que se sente mal. bem, é o preço que se paga. um casal passa rapidamente por mim, eu adoro escutar fragmentos de conversas dos outros, "e o que mais você gosta de fazer além de tirar fotos?", and the man com aquela cara de vontade louca de disparar a falar de si. acho que esse é o grande barato de todo o lance, afinal. "tirar fotos", pensei. fosse eu a fotógrafa, consideraria aquilo uma ofensa. quer dizer, você não pergunta para um tenista o que ele gosta de fazer além de dar com a raquete na bolinha, nem nada do tipo. os dois na minha frente se levantam e vão. o restaurante tem uma cliente só, e então um novo cara, que se senta na minha diagonal esquerda, usa uma daquelas bolsas à tira colo que homens carregam sem parecerem bichas, pelo menos não por isso, uma calça jeans e camisa e sapatos sociais, e não me olha nem por um segundo. é como se eu não existisse. é como se o lugar estivesse cheio. é como se eu fosse aquele garçom olhando pra mim. não é como se eu me incomodasse com isso, mas não é verdade que é esquisito só ter uma alma além da sua num restaurante e você ignorar essa presença solenemente? é claro que é. decido pedir um tempura de sorvete, o garçom diz ok, e um bom tempo, pense em 15 minutos, se passa, e o garçom retorna dizendo que  o sorvete está mole demais para ser servido. é, o meu coração também está mole demais pra sair na rua e ele sai todos os dias e não tem nada que eu possa fazer à respeito disso, me veja o sorvete assim mesmo. não, não é possível retirar o sorvete do congelador agora, bem,
então
vá se foder,
por que você não
me disse
isso
15 minutos
atrás?, então me veja o diabo da conta. e a conta chega e eu pago e vou embora, pensando, pelo menos não gastei aqueles 13 reais a mais, e nem tenho que me importar com nenhum cara querendo comer nenhuma boceta.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

vc riscou as rubricas todas - alegre; excitada; com emoção - da minha personagem na nossa historinha.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

mindinho anelar médio indicador polegar uma caneta e um bando de poeminha fajuto.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

tiros nas costas

porra triste pra caralho pensar
que nunca mais se vai ver o sorriso de alguém
o último contato com aquele ser os teus olhos
batendo naquelas costas e voltando para o
único possível lugar, si mesmos
foda essa sensação de nuncamais
um nuncamais a vera, que se banca
ainda mais se o que se quer mesmo é
chamar a atenção daquelas costas
você pegaria um revólver nessa hora
e daria tiros naquelas costas
tiros por um pouco de atenção
como mãos desesperadas que correm
na direção de cabelos que precisam de corte
e os pegam com firmeza e os puxam pra
trás numa violência que só quem
ama pra caralho pode conhecer
mas que no final só repousam no lugar das
próprias olheiras tentando reter o máximo
possível de lágrimas à favor de uma
cara que quer parecer ok
e então pés que se retiram um-a-um
numas de finalmente ir
um andar pesado como aqueles de
prisioneiros de bolas de ferro nos
tornozelos
tudo isso depois do último abraço e beijos
restos de cadáveres misturados a cimento
na muralha da china
você não sabe como eu me sinto
40 pombos brigando por farelo de
polvilho
você não sabe como eu
me sinto
uma egípcia tentando pedir
socorro em alemão
você não sabe como eu me sinto
envelhecer com a certeza
de que pelo menos conheci a violência
de quem um dia na vida amou pra caralho.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

adeus dará

você acha que é assim beibe?, vamos ser honestos por aqui
não tem nenhum pedaço dessa 
merda que seja piquenique 
às três da tarde no jardim botânico ou bolinhas de 
gude no chão da sala - tava muito mais 
prum vôo de asa delta sobre são conrado ou 
um sr. e sra. smith
ou um piercing no mamilo ou
uma tatuagem de 
caveira

vamos ser honestos por aqui, honey
não tem nenhum pedaço dessa 
merda que seja vamos passear no bosque
enquanto seu lobo não 
vem - 
(tava muito menos pruns beatles
que prum 
portishead)
- talvez a calcinha 
vermelha permanecesse

vamos ser sinceros por aqui, love
tem uma cerveja esquentando 
na sua mão
tem um cigarro chegando 
na ponta, na sua mão
e você não bebe nem 
fuma

então fica assim, beibe
coisas que a gente tapa
tipo o sol com a
peneira
coisas que a gente abafa, tipo, hum,
tipo Por Bem 

hahahahahahahahaha,
hahaha,
ha. ha ha. 

só acaba quando termina, doce
dez pras seis não são seis 
horas já dizia o 
meu velho nos jogos
do flamengo e

estes
- lhe apresento -
são 
uns versinhos impossíveis 
como você e eu
e eles dizem olá, 
e, logo,  
até.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

um carnaval curioso este

esses dias acabei entrando no shopping leblon pra fazer xixi. é carnaval, de modo que o rio de janeiro fica tomado por todo o tipo de gente, e um número e uma espécie grotesca de gente. muito bem, subo a escada rolante e na minha frente vão duas japonesinhas, dessas magrinhas baixinhas com as caras achatadas e celulares que se parecem com robôs e roupas desenvolvidas pela nasa. não, na verdade uma delas usava um shortinho jeans pouco menos espesso do que um cinto de caubói. daí ouço soar atrás de mim uma voz salivando do tipo voz de bicho no cio, que disse, "olha as poupinhas". era um segurança da porta falando pro outro. o cara tava fissurado naquela bunda. e não tinha nada de extraordinário naquela bunda, é só que ela tava de fora. eu acho muito engraçado, e sempre faço quando tenho a oportunidade, falar alguma coisa escrota em português na cara de estrangeiros. tudo é engraçado, desde você segurando a risada até a cara de desentendidos que eles fazem. a única coisa que eu consigo pensar no verão é em como os dias estão quentes pra caralho. então entrar nesses shoppings que ligam o ar condicionado no máximo é delicioso, mas os caras exageram, e quase sempre fica o mó frio. depois do dia do xixi eu ainda fui ao shopping leblon de novo, dessa vez pra almoçar, porque não tinha nada que prestasse em casa. resolvi comer no bob's. foi aí que uma coisa muito curiosa aconteceu. parece que essas grandes empresas contratam pessoas, dessas que fazem bicos, pro cargo de CLIENTE MISTERIOSO, que funciona como uma espécie de espião. o cara vai lá disfarçado de cliente comum e vê como as coisas tão funcionando e anota tudo e repassa pros donos das empresas. pois então, entrei na fila do restaurante e esperei a minha vez. pedi o meu lanche e enquanto esperava chegar alcancei o moleskine dentro da bolsa pra rabiscar umas coisas que cruzavam a minha cabeça, quando pela visão periférica percebo três atendentes enfileiradas na minha frente murmurrando "aí, shirley, essa aí que é a cliente misteriosa", "não, né nada", "é, tô falando que é, ela tá anotando tudo o que a gente tá fazendo. quer ver? moça, você não é a cliente misteriosa?", não tenho como não me aproveitar no momento, "talvez...", "AÍ SHIRLEY, FALEI QUE ERA ELA", "a senhorita quer que eu aumente a coca? fica de graça", "tu tá tentando subornar a cliente misteriosa, shirley?", abaixo a cabeça para rir e completo o que estava escrevendo, "OLHA AÍ, ELA ACABOU DE ANOTAR QUE VOCÊ TENTOU SUBORNAR", "não se preocupe. eu só vou sentar ali e provar esse hamburguer, e se não estiver bom vou mandar alguém aqui atrás de você, hein, shirley", e peguei minha bandeja e cruzei a praça de alimentação do shopping, rindo pra caralho. são coisas como essa que não deixam a gente acreditar no fim do mundo. o ovomaltine é um clássico do bob's, e eu amo ovomaltine, mas raramente peço ovomaltine. porque sempre fico com sede, então acabo preferindo pedir coca cola mesmo. mas só de saber que o ovomaltine tá lá, eu já fico tomada por uma espécie de satisfação gastronômica. e daí tem as pessoas que tão com saudade ou amam alguém que não tá nem aí pra elas ou pra quem elas não tão nem aí embora amem, e vão e escrevem livos do tipo o amor é um cão dos diabos. reli esse aí na semana passada, mas na verdade ele funciona como uma espécie de bíblia pra mim, então sempre volto nele hora ou outra. e aí fiquei pensando no seguinte, sempre vão ter essas pessoas que não dão a mínima, e isso é porque elas dão o mínimo. numas de reler bukowski e de continuar "comendo insônia com blogs", como identificou sabiamente meu querido luiz paulo nenén, ilustre iluminador carioca, acabei sacando que tem escritos que se você isolar, parecem geniais, se você enfiar num contexto são só uma passagem legal, e se você não escrever viram ouro, mas fora do mercado. e li um outro troço do borges dizendo sobre a inutilidade das estéticas, dizendo que estética não passa de vaidade, dizendo que é uma completa abstração e tal. eu não poderia concordar mais. quero experimentar todos os tipos de "estética". existem pessoas e pessoas têm "estéticas" e "estéticas" têm sua origem em outras pessoas. tem toda essa geração beat que se segue, os hemingways e célines trouxeram os kerouacs, cassadys, ginsbergs, que trouxeram os morrissons, que trouxeram tudo quanto é bêbado e poeta. digo, os bons. e apesar das controvérsias eu ainda acho que é muito mais fácil ser um bom escritor do que um bom bêbado.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

tem coisas que eu espero que aconteçam, outras torço pra que aconteçam

tem dias de que você se lembra como se tivessem acabado de acontecer, e aquele era um. lá pelas nove horas saímos do teatro e ficamos esperando ali fora na rua chegar a condução pra gente cair fora, e de lá iríamos jantar, ou cada um iria pra onde quisesse. eu tava num puta mal humor, e tinha motivos pra isso, mas pelo menos tinha comprado um fone de ouvido rosa com um desenho de caveira, e aquilo poderia facilmente salvar o meu dia. a van chegou e todo mundo foi entrando. eu sentei no meio, bem no meio de uma galera extremamente risonha e falante e sem nenhuma noção de projeção, porque projeção também se trata de só usar o volume de voz necessário a cada distância, inclusive às pequenas. o fone que eu comprei era uma merda, eu só comprei porque era rosa e tinha um desenho de caveira, e isso é o tipo de coisa que deixa uma menina como eu louca, e é o suficiente pra uma menina comprar um fone de ouvido. isso acabou de me lembrar o ravel contando do fone de ouvido fodão que ele comprou e que é uma coisa de menino daquelas que um menino grande que já ganha dinheiro compra. ele provavelmente nunca entenderia isso de comprar um fone ruim só porque é rosa e tem um desenho de caveira, mas isso eu não espero que ele entenda. coloquei feeling good na versão da nina no último dos ÚLTIMOS volumes e ainda assim continuava ouvindo aquelas vozes insuportáveis e esganiçadas de mais de três mulheres sem a menor sombra de técnica vocal. eu rezava feito religiosa pagã praquilo acabar rápido. tinha aquele cara. bem atrás de mim. eu gostava, e pra caralho, dele. naquele dia percebi nos olhos que ele comia um monte daquelas mulheres que andavam junto com a gente, na verdade quase todas, e talvez estivesse até se apaixonando por algumas delas. e tinha também uma amiga dele na van, que é fotógrafa, naquele momento eu não tinha quase nada contra aquela figura, mas não disse oi nenhum. e não só não disse oi nenhum como pedi licença umas três vezes pras pessoas que tavam no meu caminho e saí desvairada e sozinha rumo ao restaurante. tem horas em que eu preciso ficar sozinha, completamente sozinha, mas nessas horas sempre tem alguém enchendo a porra do saco, e nas outras também. alguma hora depois eu sempre lamento essas minhas mini fugas, nisso de viver mergulhada dentro de mim eu quase sempre passo por grossa ou mal educada, são efeitos que qualquer um odiaria causar, e alguns acabam causando. eu sempre peço desculpas por dentro, e isso quase me basta. e sigo. aquele era um desses exatos instantes em que você tem certeza de que tão falando mal de você, saca? na hora eu não me importei, e tava colocando todo mundo no mesmo saco, sem a menor piedade. esses dias tenho saído na rua no carnaval. saio às 16:00 e volto às 23:00, leio alguma coisa, durmo até as 3:00 e aí entro no computador. tô lendo assim falou zaratustra e relendo fabulário geral do delírio cotidiano. os últimos dois dias foram assim. gosto dessa solidão. a única coisa que me mantém de pé durante o dia é ficar por aqui de madrugada, lendo todo o tipo de blog que eu puder, como os que eu sempre leio, o do ravel, o do bortolotto, o do linguinha, o do bruno bandido, os de uns caras de porto alegre, de floripa, de brasília. e uma pá de outras coisas. sinto que estar aqui escrevendo às 5:21 da matina é a minha única forma possível de felicidade. outro dia li no blog de um desses caras alguma coisa do tipo "faz poucos meses que acompanho o trabalho dele, uns seis". eu fiquei pensando em como seis meses me parecem muito tempo. acho que ser jovem é mais ou menos isso, enxergar eternidade em meia dúzia de meses. cara, eu espero que deus ou um desses caras que trabalham com ele algum dia me coloquem cara a cara de novo com as pessoas pra quem passei uma má impressão na minha vida. e então dizer pra elas que estavam certas, mas que eu sinto muito por isso, de fato, e que raramente é pessoal. ainda tô tentando descolar um jeito da porra do fone funcionar direito, porque ele é realmente muito fofo, um disperdício né.

transa, não o álbum do caetano de 70

você entende?, tudo não se passa de um jeito de começar textos pela última frase, um jeito específico de estar deitado no sofá, um jeito de elocubrar uma pá de coisas, um jeito alheio de pensar no amor, um jeito cristão de prometer, de sentir culpa, de gostar de dor, um jeito de gemer, e então de fato arrumar um jeito de começar textos, um jeito qualquer de ficar de pé, um de permanecer amante, e um de rezar sem culpa, um de evitar a dor e um jeito de continuar gemendo como agora
é claro que sim - querido - eu não tenho a pretensão de te melhorar em na dinha.
você jura?
olha bem pra minha cara - querido.
você faria o favor de limpar essa remela aí? 
qual o problema com a remela?
alguma coisa de muito real nela.
a realidade ainda é o único lugar em que você pode se deitar no sofá, e toda essa coisa. 
você não gosta de mim, não é?
não exatamente - querido.
era o que eu esperava, mas você certamente choraria se os médicos não tivessem esperança. 
dificilmente - querido -, mas talvez.
caso um dia eu esteja muito mal, jamais opte por um médico que te peça pra rezar. ele não devia confiar mais em deus do que no trabalho dele.
ok. 
vamos, me prometa isso. 
é uma promessa.
(...)
você acha que eu sou dessa maneira por causa dos livros malditos que eu li.
eu -
vamos, admita.
e os filmes. bem, mas você ficaria muito chateado se eu te achasse só um cara desses engraçados - querido. então de repente o que eu acho de você é até uma coisa boa.
você se acha uma grande coisa, né?
nenhum de nós é. eu te acho uma merda que muito me interessa.
eu sinto muito.
só existem dois tipos de coisas, as que você sente, e com as quais eu me importo. 
legal isso que você falou. parece uma coisa que eu teria dito.
você gosta de pernas?
gosto das de fora.
você gosta de mulheres espirituosas?
ora, se gostasse estaríamos juntos.
isso também dependeria de mim.
ora, não fica tentando bancar a difícil quando você tá sem calcinha.
me dá um cigarro aí.
tá tudo bem. as mulheres sempre acabam caindo fora. desse tipo de cara imaturo pra caralho. do tipo de humor seco/sarcástico. 
é mesmo um bom momento pra citar o orkut.
eu tenho sensibilidade.
(...)
eu já fui estuprada, sabia. 
eu imaginei. você tem todo o jeito.
(...)
ei, você sorriu. 
foi passageiro.
tá com vergonha.
claro. sorrir. chegar muito perto da sinceridade.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

the kid is not my son

porra e onde vc tava
na hora que tocou no velho radinho de pilha 
aquela que era mais ou menos assim,

as pessoas sempre me disseram/
cuidado com o q vc faz.
não fique por aí
quebrando o coração de garotinhas.
você q já sabe quem é - faça um favor e deixe essa garrafa aí.
o que é q faz ser tão difícil
q vc me sobrevoe
como um passarinho
sem pena?

retalhos de uma retaliação

com a dor de um aceno q se pretende o último
e o olhar farpado
tenho me comportado como a asma
q te observa da ponta desse teu cigarro
mas não sou nenhum forno pra derreter teu gelo
e aceitar isso parece até um tipo de felicidade

e qdo penso em vc, as minhas não são mais pernas q se abrem
eu não tô mais aí pra almoçar cerveja contigo
nem pra sorrir com a cara inchada de chorar escondida
nem pra ser a-garota-perfeita-a-mulher-maravilhosa-a-namorada-pelo-menos-em-sonho
e vc deve tá aí com a mesma cara de texto q eu não acho tão bom
tragando mentiras adoidado e certamente fodendo em todos os sentidos alguém

tenho me comportado como os ponteiros da manhã
vc me perguntando de rabo de olho se eu existo
na dúvida eu respondendo com as costas q não
me virando na mesma velocidade em q vc virou a página
ia ser mto fácil deixar um bilhete dizendo q vc não presta
é o q todo mundo faz
difícil é conseguir alguma paz nessa tua baderna, e vc não ligou q eu tivesse conseguido

e eu nem soube se na tua casa fazia frio ou calor
e a minha voz nunca soou no teu interfone
o q sei é q hoje a tua noite vai ser boa, e amanha à tarde vai ser uma merda
e na noite de amanhã vc vai portar um copo grande
e beber devagar
torcendo pra q eu não apareça no fundo, com aquela minha velha cara de Sua
e vão ter também todas aquelas garotas q vc chama de sucesso
aquelas q vc sempre faz desaparecer depois do escuro

são três da manha e acho vc algo clichê
já te vi me trocando por muito acaso
mas né, quê que sou eu perto de qualquer coisa q te mantém na madrugada
vc é o jornal de ontem
q devia tá embrulhando o meu peixe
mas só continua embrulhando a merda do meu estômago.







sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

pronto, vc já faz parte de 1/928172839483728394 da minha biografia.

se o que vc queria era a ca bar com a minha raça, vc conseguiu, se não era o que vc queria, bem, vc também conseguiu. depois só não pode chorar pq não tem mais nenhuma da minha espécie.

eu só não admito que vc tenha qualquer tipo de certeza a meu respeito.

então ela abriu a porta, disse isso é psicológico, eu disse talvez, e então ela fechou a porta. mães.

estou sem-nenhuma-condições de me levantar, e no entanto, cá estou eu, de pés.

oi, juízo normal, to ligando pra dizer que to tentando voltar, mas não tem vôo pra agora.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

a américa latina está cheia de cabeleireiras secando os cabelos umas das outras e de vendedores de milho comendo o seu próprio milho.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

e dos votos o mais importante, não me confunda com as tuas fantasias, e eu não te confundirei com as minhas. mas isso aí já é papo de adulto.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

um tipo de imitação sórdido

era uma sexta feira, eu acho. saí do planeta's e peguei um táxi pra pinheiros. encostei no balcão da coletivo galeria sem saber ainda o que pedir. dei uma lida no cardápio porque é isso que a gente faz quando não sabe o que pedir, mas quando a gente sabe exatamente o que tem no cardápio, bom, não parece muito inteligente. resolvi que ia ser uísque, tava entre o Jack e os irmãos Walker, eu não entendo de uísque e não amo uísque, eu sei que tá cheio de gente que entende e de gente que ama e até dos dois tipos de gente, mas no fim das contas uísque não é pra entender, e não necessariamente pra amar, é pra tomar. então a Joana surgiu do meu lado e disse: não toma isso não. faz mal. olhei pra cara dela. logo você?, é, parei com essa vida. fiquei chocada, fui tomada por um súbito sentimento de respeito profundo, e depois dessa eu simplesmente NÃO PODIA tomar aquele uísque. virei pro cara e disse, uma cerveja então, vc ouviu isso aqui né amigo, e ele me deu uma cerveja, não me lembro qual era, e desencostamos dali. sentamos numa mesa na frente da banda que tava tocando. eu tirava fotos da Joana olhando com cara de boba pro guitarrista. eles tão ficando. eu tirava fotos dela e achava aquilo muito bonitinho. mas eu também não entendo de fotos. saí um pouco pra, sei lá, olhar a vista. sp é cheio das vistas, eu sou fanática por vistas, e isso, é claro, é mentira... dali a pouco chegou o Lama, um doido, com outro amigo razoavalmente menos e a sua garota, razoavelmente menos. o Lama pegou a gente pelo braço e fez a gente subir uma escada que dava pro andar de cima, deu uma ronda com a gente pelo lugar e disse que morou lá por um tempo. tempo que ficava escrevendo e bebendo vinho, escrevendo e bebendo vinho. lugarzinho maneiro. depois voltamos pro parlapatões. bebemos mais, comemos milho e conversamos sobre vida boêmia e literatura. e o amigo menos doido vai e diz - eu acho essa coisa toda muito fantasiosa. esses homens de trinta, quarenta e tantos anos na cara, bebendo até de tarde nos bares da cidade... e outra coisa, eu acho super clichê quem lê bukowski fica tentando imitar o estilo de vida dele. e uma puta discussão começa à partir disso. na verdade é meio patético julgar o estilo de vida de alguém. o difícil é tentar entender. as pessoas têm motivos pra ser o q são e fazer o q fazem, e nem mesmo precisam prestar qualquer tipo de conta. o Lama não tentou evitar gargalhar na cara do sujeito. depois as meninas começaram a bocejar (eu e a garota do certinho) e a gente decidiu cair fora. descemos a martins fontes, encontramos com a Baiana que vende trufas (é muito engraçado, ela usa um microfone e conta toda uma história estruturada antes de te dar a trufa, eu comprei uma vez só pra ouvir a história), e não me lembro de mais. queria saber o que o Lama tá fazendo agora. deve tá por aí, imitando o estilo de vida do bukowski. há.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

vejo passar manhãs de sol de dentro do quarto escuro

é uma falta de encanto, uma puta falta de encanto, uma falta de encanto generalizada. parece que eu vivo perdendo a capacidade de me maravilhar, e nessas horas a porra da vida fica um saco. não tem nada, absolutamente nada, impreterivelmente nada que me levante a bunda dessa cadeira. e eu não quero sair daqui. não quero tomar uma Original no baixo gávea, quero que se foda o baixo gávea. não quero ver o último filme do Almodóvar q todo mundo tá falando que é do caralho no cinema, não quero aceitar convite nenhum de nenhum desses caras. gosto de ir na Fernanda, pq quando eu conto essas coisas todas pra ela, ela só olha pra mim e diz, vc tá bem, vc tá melhor do que pensa, não fica aflita. é pra eu ficar relax. mas tô muito desencontrada, tô desencontrada pra caralho. tô desencontrada de casa, de cidade, de trabalho, de foco. tô no meio de um monte de incerteza e sei lá se isso é coisa da idade, diz q é coisa da idade, mas porra, que justificativazinha mais chula, né. nem escrever eu tô conseguindo mais, só um monte de ladainha sobre a minha própria falta de brilho nos olhos. 2011 foi um ano muito muito maluco pra mim. crescer é difícil, é o que falam e dessa vez tenho que pôr crédito no que falam, pq é di verdade. em 2011 quase montei uma banda, mas não montei. se essa banda existisse agora, eu taria cantando tudo isso em vez de deixar só assim, letras pretas numa tela branca, tem palavras q precisam de pronúncia e melodia. em 2011 pensei em apagar esse blog mileduzentas vezes. mas fiz uma coisa melhor, não apaguei. em 2011 conheci pessoas incríveis e outras que mostram a bunda por qualquer coisa, a todas o meu muito obrigada, né. tô cagando pra autoajuda. autoajuda não é porranenhuma. sei lá que que eu quero pra 2012. quero só que seja um ano de coragem. e de uma galera mais original.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

1 centavo o quilo

não
eu não esperava ter sorrido hoje
nem quando vi raul gil
nem quando um cara daqueles realmente bonitos me passou uma cantada
nem quando fiz um ótimo teste pra uma peça foda
nem quando recebi uma mensagem com um convite daqueles dificilmente recusáveis
mas ó ke coisa, eu sorri
e porranenhuma ficou melhor depois disso
sei lá, tem coisa q é foda de esquecer
você tá lá vivendo um dia por que não dizer delicioso?,
coisas bem legais acontecem, gente legal, músicas legais, perspectivas legais
mas aí vem aquela única lembrançazinha escrota e te olha no fundo dos olhos
dizendo TAVA ACHANDO QUE IA FICAR FELIZ HOJE? HÁ HÁ HÁ
e aí vc entra num ônibus com uma pessoa que não pode te ajudar em nada
ela te atrapalha, na verdade
e então ela diz, é ele é realmente bom
você sorri e diz, deve ser mesmo
e ela diz, ele é ele é
e vc não pode nem fechar os olhos pq seria muito estranho
então você só pisca demorado
entre um suspiro e um outro
rezando pra que o ônibus tope com alguma van ou um carro grande
isso pelo menos faria com que ela mudasse de assunto
porra, à noite tem coisas q se recusam a ficar pelo meio do caminho
e ficam vindo
vindo pra caralho
vindo que nem malucas
atrás da gente
o ônibus não topou em nenhuma van nem carro
então eu disse, certamente.
certamente.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

leia ouvindo: http://www.youtube.com/watch?v=AbxgK_l3Apg&feature=related

hj não colei em lugar nenhum. fiquei em casa o dia inteiro e quando deu umas duas da manhã bateu uma puta vontade de tomar um sorvete. coloquei um sutiã, fui, alguma força me puxou pro outro lado do bairro, fui parar no mcdonald's, nada mal. pedi a minha promoção de mcfish com coca de sempre e trouxe naquela sacola parda pra viagem. 9 min no total. não tinha bolsos na minha calça, mas seria um bom passeio pra dar com as mãos nos bolsos. e assobiando. serviu pra dar umas bandas por aí. sentei o bumbum na cama e voltei a escrever a peça nova. tô lá pela décima quinta página e ainda não sei sobre o que é. prometo não descobrir. coloquei tom waits e meus dedos começaram a roquear feito crazy, eu diria sambar mas não é bem o que fazem, pra que mentir, eles roqueiam, é o q fazem, com tom waits. get behind the mule, vc teria alguma coisa a acrescentar a esta noite bárbara?, mcfish, tom waits e uma nova peça, e um ar condicionado, bem, eu entenderia se vc tivesse alguma coisa a acrescentar a esta noite. mas vc tb me entende, né, eu sei. me lembrei do meu NUMA FRIA do buk q tá emprestado, porra, eu odeio emprestá-los por isso, é como emprestar um filho, vc não empresta filhos, as pessoas pegam amor neles, não devolvem. e eu não sei cobrar, se numa entrevista me perguntassem NO QUE VOCÊ É PÉSSIMA eu diria EM COBRAR. bom, vou tentar passar por cima disso, pelo menos esta noite. de repente me deu uma saudade de são paulo. não de tudo, mas definitivamente da augusta, vou ter que me acostumar a não estar lá ouvindo um blues e montes de conversa de solidão. é, vou sentir falta da ladainha. vc é do tipo que vai achar q tô dando em cima de você se eu perguntar qualé o teu nome?, rapaz, s a i a da minha frente. lembro q num sábado távamos ali pela roosevelt e o linguinha disse, odeio ditados, é coisa de quem impõe, em vez de expor. achei bonito isso, mas me soou um bocado como um ditado. eu não quis tirá-lo do sério dizendo isso pra ele. e então ele se virou com sua perna de pau e foi saindo. boa ida, linguinha. tem tb aquele milho da roosevelt. q é uma delícia.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

boas letras nunca deixam suas folhas de papel, ali podem ser insanas, e estar salvas.

olha, vc não é do tipo de garota que faz coisas horríveis com as pessoas e deixa todos os caras mal, é?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

meu andar olha pra baixo, tudo o mais é preço q pago.

acabou a realidade. de volta ao show.

seria bonitinho se vc abrisse um livrinho da claricelispector me lesse um poeminha e nós tomássemos um suco de uva com gotinhas de adoçante mas não somos bonitinhos, não lemos lispector, FAZEMOS poeminhas e vc não é adoçante, é pimenta, e não digo nem do reino.

aquele curioso momento em q vc descobre que outras pessoas também deixam músicas no repeat, e por dias, e vc até se sente redimido de alguma maneira.

tchau, estou tirando 05 anos pra dormir o que você não me deixou.

eu não esperava q vc deixasse qualquer tipo de solução na minha alma, mas tb não precisava levá-la embora, né.

tenho uma vigorosa imagem como recordação, ele de costas várias vezes na mesma janela, e depois em outras. mais umas semaninhas e eu poderia ter virado hostess dali. conheci todos os quartos daquela porra. passavam chave mas a gente dava um jeito. por um tempo chamei aquilo de realidade.

outro verão acabando eu continuo inverno.

a vidraçaria humana também entra em crise, catarata, miopia, paixão.

breve estaremos um diante do outro cada um com seu respectivo par de bolas de gude vibrantes marrons, sem saber o que dizer, dizendo um monte.

eu te amei, mas, espero q você entenda, não catolicamente.

sempre que descubro q não sou deus, isso me dói um pouco.

vamos assistir a um filme b, sentar e tomar um vinho e tratar de assuntos b e nos olhar um na carinha b do outro, só não vai ter b-jo.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

spreading the joy

esta senhora semana me deu uma porrada com um cano de ferro bem em cima do crânio. duas pessoas que amo incondicionalmente foram parar em hospitais por motivos diferentes, uma do estômago a outra do coração, levaram consigo um pedaço de cada lado do meu sorriso, minha boca ficou só o meio, essa linha reta, apática, q não cho,ra nem ma,ma. elas estão bem, dizem os médicos, eu não fui a nenhum dos dois hospitais. a primeira pessoa foge de si e de mim e uma hora a gente acaba cansando desse tipo de gatoerato e é aí q a gente vai e se afasta, ela gosta de mim eu gosto dela mas é complicado, eu não vou até lá justamente pq não me quer por perto; a segunda, tinha três semanas q não me procurava e resolvi fazer a mesma coisa, do nada aparece no chat do facebook pra me avisar q tá deitadinha numa UTI, e eles não me deixam entrar lá, e ela não pode atender telefonemas nem nada. estou aqui, mãosepés atados enquanto dois pouquinhos de mim morrem lá e ali, pela primeira vez na vida tenho vontade de ter superpoderes, que coisa escrota de se falar mas é verdade, e sei lá. minha avó lygia ligou e ela nunca entende quando eu digo que não posso falar, então eu simplesmente falo, vó uma grande amiga acaba de ter um enfarte, entre outras coisas, eu poderia te ligar mais tarde?, mas é claro q aí é que não dá pra desligar. resolvi num ímpeto, ou seja mais 1 seg eu não faço, pegar o celular e discar o número da primeira pessoa. do lado de lá a voz não me disse coisas q eu adoraria ouvir mas disse outras até legais. do lado de cá eu ia mirrando morrendo mirrando morrendo, e vezenquando umas risadas tropeças, abafadas, uma coisa meio masoquista, um esquema meio esquisito de continuar querendo escutar um timbre q não diz mais a que veio, até pq não tem vindo. então simplesmente encerrei o assunto, com o coração digamos amarrotado, digamos gritante, digamos emagrecido. quanto à segunda, eu disse que iria visitá-la amanhã, e ela me respondeu que apenas 4 pessoas poderiam entrar no quarto, e já tinha bastante gente pra ir. e que dessa bastante gente ela não abria mão de uns 2, q não me incluíam. disse um singelo ok, pq pessoas q acabaram de enfartar não podem sofrer grandes emoções, e se eu fosse dizer pra ela tudo o q ficou preso nos meus dedos naquela hora, bem. poderia atrasar a sua alta. e nós não queremos isso. não sei se vou. o fato é q a gente acaba desenvolvendo um amor bruto e repentinamente imenso pelas pessoas q adoecem. eu não sei de onde emerge tanta humanidade. e algumas delas conseguem pisar na gente mesmo deitadas, engraçado, nunca tentei nessa posição.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

tava numas de começar a vida e ganhar o próprio dinheiro e tal e fui trabalhar naquela merda de salão de beleza, recepcionista. fui avisada sobre o tipo de roupa que eu deveria vestir, pretas, brancas ou pretoebrancas. virava as minhas camisetas de rock ao avesso. um poquinho só de maquiagem. chegar às nove, mas às oito e meia o telefone já estava tocando e "não tinha ninguém lá pra atender, dona Luciana", e então eu tinha que dar um jeito qualquer. no começo era até bem legal, eu me sentava lá e observava as pessoas, observava muito as pessoas, me convencendo de que aquilo poderia ser uma espécie de "laboratório" para o que eu realmente faço da vida, que é subir num palco e de fato ser essas outras pessoas. eu chegava lá e ficava sentada naquele banquinho giratório que não tinha encosto, e lá pra uma da tarde as minhas costas já estavam gritando comigo mais alto que a dona Luciana. não, a dona Luciana não gritava comigo, Yasmin, como vc é bonita, como vc é comunicativa, como vc é inteligente, e as coisas q vc fala são tão legais, e você escreve, também. vc poderia ficar aqui pra sempre. hahaha. e tão talentosa. eles deixavam sintonizado na MixFM ou alguma outra merda do tipo, eu não me lembro bem. sempre que a dona Luciana saía, eu conectava o meu iPod. ramones, sex pistols, clash, queens of the stone age, strokes, joy division, smiths, um salão de beleza no leblon, bem, hoje eu vejo o absurdo disso. foi rápido praquele lugar se tornar o rascunho do inferno pra mim. era uma época sofrida, apaixonada, eu fechava os olhos e ouvia as minhas músicas, as mesmas q eu tinha ouvido perto daquele cara, e agora eu tava presa naquele lugar escroto com a única grande ambição de que o telefone não tocasse. mas tudo bem, eu pensava no final do mês e no que aquilo significaria pra mim. os começos podem não ser tão bemvindos mas são sempre necessários. as bonequinhas logo começavam a reclamar das minhas músicas, mas elas faziam isso à lá judas, sorriam para mim e me davam um tchauzinho e só depois eu recebia telefonemas da dona Luciana dizendo que eu já sabia que não podia tirar da MixFM ou qualquer outra porra daquelas. mas eu tornava a fazer, torcendo para q todas estivessem mais preocupadas com as revistas de fofocas e as fofocas sobre as revistas e me deixassem em paz com a única coisa ali que poderia me deixar em paz, as minhas músicas. só que as reclamações não pararam, e por causa delas comecei a ouvir o iPod com fone de ouvido, de modo q não dava pra ouvir o telefone tocar. e quando ouvia, o combinado era que devia deixar 30min para as mãos e 45 para os pés e, para pés e mãos, uma hora e meia. eu não fazia certo, embolava tudo, mas qual o sentido disso? não conseguia entender. acho que eu era uma péssima funcionária no final das contas, parece que aquilo também me doeu. um dia cheguei lá e um ônibus tinha passado em cima da cabeça de uma velhinha na esquina da bartolomeu mitre. era ali do lado. todo mundo foi lá ver o sangue e com sorte um pouco de carne e órgãos, mas eu fiquei girando de um lado pro outro no meu banquinho e pensando, talvez aquela ali também não estivesse aguentando mais. uma meia hora depois veio a dona Luciana. fazia dias que ela não aparecia no salão e eu tava até começando a me acostumar com aquele tipo de solidão. ela agachou na minha altura e começou de maneira sutil, perguntando se tava tudo bem, eu disse q sim, q estava tudo bem e perguntei por quê, ela disse que achava q não estava tudo bem e aí começou a falar sobre como eu era uma péssima funcionária, mas ela fazia isso à lá judas, dizendo Yasmin, vc é tão bonita, vc é tão comunicativa, vc é tão inteligente, e as coisas q vc fala são tão legais, e você escreve, também, e tão talentosa!, sem nunca ter visto uma porra de peça q eu tenha participado, como ela poderia saber?. isso aqui não é pra vc. eu me levantei frágil e disse coisas horríveis, ela ficou muito muito puta, e eu corri pra ver o cadáver na rua. mas depois, pensando sobre isso sentada na minha cadeira que não se mexe PQ ESCOLHI PARA O MEU QUARTO UMA CADEIRA QUE NÃO SE MEXE, eu me levantei triunfal e pensei, é, essa mulher sabe das coisas.
pq eu não esqueço que vc já existiu?

tenho certeza de que em outra vida com algum otimismo já na próxima seremos duas pessoas felizes q até estarão juntas.

esta roupa suja eu só poderia lavar no tanque da tua casa, mas nem lá vc me deixa entrar, e eu te deixaria entrar na minha, e em mim.

sim, eu estaria feliz, não, eu não estaria feliz, talvez, talvez eu estivesse feliz, sei lá, eu decerto estaria quente. nós decerto estaríamos.

a noite passa nos meus olhos não consigo pregá-los.

previsão de chuva e maré alta para hoje nos meus olhos.

tempestuoso frio amarelo sórdido mesmo bom tá bom, mas seja di verdade, tente não morrer e qm sabe em outra vida a gente não,?.
sinto muito esta dor.
dor q se parece com a tua cara.
tua cara um pedido de s.o.s q se ignora.
um pedido de s.o.s q só se vê no fundo da gaRRafa.
gaRRafa falsa q me te afasta.
me te afasta me te reúne.
reúne brutos os sexos em ideia.
ideia dos campos o mais sórdido;
impalpável impávido campo árido;
impalpável impávido campo árdio;
impalpável impávido campo ó(r)di(d)o.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

músicas, livros, filmes, ruas em geral, placas, manhãs de chuva, ligações, passarinhos voando, peças de teatro; você; eu tento separar as coisas, nem sempre dá, quase nunca.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

até q a separação os una, amém.

só 1 coisa é melhor do q guardar um segredo, q é dividir com 1 pessoa. e melhor q isso, só dividir com 2. bem não há segredo.

estou engasgada não consigo escrever.

coisas que esquecemos por bem, como o pão no forno(?) pra virar torrada.

mto cuidado com a eu que te deixa feliz, ela adora puxar tapetes.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

sp

são duas da manhã de uma são paulo. meninas descem a augusta com suas carinhas parecidas, mas elas não são da minha conta. a primeira caipirinha tinha parecido bem mais interessante. alguns homens vão e voltam do mesmo lugar, fungando muito, vejo na fuça deles que nenhum gosta que eu ou as outras meninas saibam o que estão fazendo. algumas meninas também vão e voltam, o problema é delas. o clube noir, com esse nome de puteiro antigo, é exatamente isso. pelo menos soa como. estou sentada numa cadeira, tomando outra e escrevendo isso daqui, um cara me cutuca com um guardachuva, ei, vai ficar aí escrevendo numa noite como essa?, não, vou me levantar e dar para vc até amanhã à tarde, olha vc está interrompendo o meu fluxo de ideias. não é como se o cara fosse bonito. meu olho esquerdo ou sei lá acaba conversando com o do guitarrista, e vamos embora dali e dou para ele até amanhã à tarde, pensei, mas ficamos por lá. e nossos olhos conversaram mais umas 2 ou 3 vezes. tem um cara bem atrás de mim, sentado num degrau, tive uma puta história de paixão com ele, ainda morro quando. ele só fica ali. a banda faz uma pausa e eu digo oi, adoro a sua banda e as coisas que você escreve, (o vocalista diz) você conhece a banda?, e as coisas que você escreve, ah sim mto obrigado. um pouco seco. eu não esperaria outra coisa de um escritor daquele naipe, e a uma hora dessas ninguém mais se importa. acho esse lugar genial. todo esse lugar. mas estou enjoada da roosevelt, sempre sou atropelada por ali. são paulo é mais legal quando a pessoa q você ama ama você também, ou qualquer outro lugar. algumas outras coisas acontecem, eu não abaixaria a calcinha por nenhuma delas. à maioria das coisas assisto. prefiro à participar. assim, puta que pariu, dá pra pegar muita gente no flagra. as mulheres entram enlouquecidas nesses banheiros. parece que tudo o q querem é um lugar cheio delas para poderem se pegar longe daqueles pelos todos dos seus homens, ou dos homens das outras, ou só querem desenterrar o fio dental de dentro da bunda. elas elogiam a minha, mas eu só gostaria que ligassem menos para rabos e se preocupassem em talvez lavar aquelas mãozinhas nojentas antes de sair. acho que é possível q os bares daqui a pouco fechem, acho que os bares vão cair por terra. quer dizer, as pessoas podem fazer tudo isso na casa dos outros (para não sujarem as próprias). todo bar é a mesma merda. me perturba ter descoberto isto aos dezenove, ainda tendo muito bar pela frente. qualquer um q não desse a mínima para o q outra pessoa acha ganharia o meu respeito hoje à noite. o bom é que sempre aparecem goles de tudo quanto é coisa, e você bebe, sem saber - não o quê, mas por que é q te dão -, parece que à noite todo mundo é convencido da amabilidade alheia. há. um cagão babaca me diz que quem não bebe vê as coisas de outro jeito e que eu deveria tentar, 'quem não bebe não vê nada, vai dormir, e você é um idiota', e o cara toma um trago do meu copo. ele também diz que esteve mijando enquanto passa o dedo sujo no nariz esbranquiçado, todos os paulistas têm potencial para ser muito engraçados, eu tomo café da manhã no hotel, só ovos e uma lapiseira.
se essa frase não tiver ponto final ela não vai acabar nunca né

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

01 coisa cresce
ainda rala
eu sempre prestes
a sufocá-la

01 chamada
01 eu sopra
no ouvido de outra
sem ser convidada

não,
yasmin,
aí não.
não tenho sido convidada para as últimas festas dentro de mim.

o querer enlouquecido é a ofélia de cada 01.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

este verso é pra vc meu examor minha inspiração minha ex piração.

canto de olho rabo de olho olho de sogra olho do cu olho de lince olho gordo olho da cara olho nu todos querendo ser azuis.

vc quer q eu entenda, eu q vc extenda.

“não quero amar”, dias invernais os teus.

toda benção pode soar praga, vice, versa.

o momento insuportável em q se passa a TER QUE suportar.

se visse, versa?

voltimeia escrevo “q dia é hoje” no google, não pra me divertir, haha, pra saber.

com todas essas vezes em q não me olha vc está insinuando q eu não existo, e eu tô cheia de dizer estou bem aqui, embora bem eu não esteja.

fazer merda aduba, vamos nos jantar.

tô por aqui com vc, mas queria estar por aí.

lamento q tua mente tanto se assemelhe a uma mentos.

aqui tamanho não é documento, uma simples caneta pode com uma mente perturbada.

vc pode ser bom naquilo q faz, e vc pode ser aquilo q faz. a primeira pessoa jamais será a segunda, e vice-versa.

desejo é uma coisa molhada por natureza.

olha eu não quero q vc preste mas q se empreste
pra mim só um pouquinho um
pouquinho só.

temo um nada a temer.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

me usa como se eu fosse pu e ta.

é em pressão minha ou?

a bem da verdade, só a mentira mesmo.

as mais idiotas sílabas q escrevo vêm todas depois do teu nome.

eu te amo, mas pelo menos vc não.

sempre na contramão, sempre calças curtas, sempre poucas palavras, pouca ação, sempre nós e nós q criamos q crio, sempre perdição achação perdição, sempre eu no caminho, sempre um vc q não é, q não está, q ideamaterializo, sempre uma nãoida uma nãoida uma nãopartida uma partida, sempre pó, sempre outra(s), sempre parecido, sempre aqui, faltam verbos às vezes movimento às vezes falo às vezes não---mexo. meu coração não vai ficar gelado como o deles, estou brutalmente descobrindo contextos, sim. mas não consigo acreditar q o teu coração empedrando qdo certa pessoa aparece possa não ser amor.

nada q eu faça, nada q eu seja, venha a, possa ser, nada q eu represente, sou só um ponto de luz ou não no meio dessa vida toda ou morte, sou só COISA, a pessoa q pergunta se a é, a gente não é nada perto de quem dança, já fui alguma coisa nos olhos dele. tudo é muito falso perto do amor, será q é amor?, será q há amor?, qdo alguém não liga, não liga, não liga, não liga, eu não sou nada, mas ninguém, ninguém é. veja como ele dança nos olhos dela.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

there’s nothing like ficar na tua.

teus olhos um par ímpar.

nada sei sobre este louco algo q me encara, só q é azul e q é um par.

dou de presente para a tua paz só verbos no passado.

vc me faz mal, é?, é, com licença, onde vc vai?, fazer bem a alguém.

as coisas q me separam de vc são pontuais, inclusive pq chegam na hora certa.

vcs são atores?, somos sim, ah q legal, são da tv?, não, disse q somos famintos e não famosos.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

vc tarda, logo falha.

olho para a palma da minha mão, é um mapa; está tutto.

no dia em q vc entender isso, nossa relação vai passar de água do bueiro a chandon, mas não é como se a gnt não bebesse de tudo.

fosse eu tua prostituta, cobraria os olhos da cara, muito atentos.

estou me renovando, em vez de coração vou falar de bíceps. músculo por músculo,...

mas é isso aí, a gnt passa por esse bando de merda e no fim chama tudo de vida.

vou arrancar tudo com os dentes, vc podia me dizer essas coisas.

tudo acaba se resolvendo entre unhas e dentes, disse ele.

resta subir no salto e fingir q tá confortável, até q fique.

amontoado de merda à certa altura muda de nome para ixpiriênça.

comprei um suco 500ml de melancia, q é o meu preferido, batiam à porta, continuaram batendo, bateram mais, bateram freneticamente, esmurraram, na verdade quebraram os punhos, acho q desistiram, bateram à porta da vizinha, continuaram batendo, freneticamente, esmurraram, os punhos, etc, ligaram o carro. tomei um golinho. não se é preso com um suco de melancia, nem a alguém.

não se é preso qdo se foge, nem a alguém.

culpa?, q culpa?, eu nem usei essa palavra ainda.

se qdo eu chego, te beijo, te abraço, te levo no cinema, dou a mão na rua, te apresento à família, se divido ctg a minha vida às oito em ponto, oito e dez no máximo, de q te importa se estou fritando ovos, fechando negócios ou entrando noutra mulher, de duas às seis da tarde? ok, já vi q oito da noite não está bom para vc.

abrindo arquivos antigos no backup do meu computador, me deparo com a pasta “resumos para provas”, “esta pasta está vazia”.

até violeta é mais rosa q rosa de plástico.

boi é gado e goi a bada.

deus q é deus não sei qm é, como poderia saber qm é vc?

mto fácil fazer probabilidade com números, quero ver com letras.

olhando pressa foto tua, até me perdôo por te amar. mas to gelada de ouvir teu nome. to gelada de escrevê-lo, tb.

queria te expulsar pelos meus poros, mas só te exalo.

vc vai insistir nessa porra de ser um meu tema imortal?

a situação machuca e ao mesmo tempo é engraçada, tipo uma faca comediante.

traga o inimigo pra perto mas não tão perto a ponto de se compadecer dele.

domingo, 8 de janeiro de 2012

todos os dias qm eu penso q sou sonha com qm eu penso q vc é.

as portas da minha jaula estão abertas para vc. assim, no ato.

ao me aproximar de vc, deveria ter lido a placa 'não alimente os animais'.

saio lá fora pra buscar láforismos.

seria deus, não fosse igreja.

adoro qdo vc diz “meu bem”. com ou sem bem é uma forma de me chama de tua.

é uma maldição isso de gostar de puxar dores pela memória pra escrever bonito.

sou mto mais pré-tensa q pretensiosa.

antes um tapa na cara q só o rastro do teu cheiro pairando no ar.

vou ter q virar uma pista de gelo se toda vez q eu te vir meu coração resolver patinar.

um ar condicionado e o inferno seria o lugar perfeito.

coração, vou ter q te bater pra vc bater de volta?

a boca é a janela dum coração suicida.

pras pessoas entristecer é um direito q se adquire com a velhice. vai ser triste jovem, patuvêumnegóç.

alegria de deus, fúria do diabo, placas tectônicas se chocando enlouquecidamente e eu no meio, tentando, ó, acordar em silêncio.

o verdadeiro sábio é aquele q reconhece as situações onde suas ações serão vãs. eu sou aquela imbecil q vai e faz mesmo assim.

não preciso falar nada qdo tenho duas pernas q me possibilitam dar um passo pra trás.

temos uma coisa em comum: nós 2 só pensamos em vc.

tomei pólvora na mamadeira.

voltimeia misto de angústia cáustica c/ expectativa vã, menos saborosas by the way q um suco abacaxi c/ hortelã.

vc me olha, eu não ruborizo, eu melanino.