você que já veio e você que está

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

dois hambúrgueres tomate queijo molho especial, um pouco de café q nunca esfrie, meninotes de patins q não derrapem nas rampas, open bar à lá vontê, um livro com tantas páginas quantos os dias da vida, paixões sadias, uma verdade que se queira escutar, trilha sonora espontânea para cada situação, porte legalizado de bazooka, cebola picles em um pão com gergelim.
não passava de uma fêmea comum, daquelas q engordam com doce, cagam pra futebol e blasfemam outras fêmeas.  

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

sobre casais dos quais não faço parte e sorvetes moles, e corações

estou lendo crônica de um amor louco e ela parece ser ariana e a conta chega e eles a dividem. ela passa 40 no crédito e ele debita o que sobra. é um garoto bem bonito, e ela parece uma dessas loiras de big brother que  mostram a bunda numa dessas revistas. meninos com suas namoradas. o que sinto agora fica em algum lugar do outro lado da felicidade, pensei. sem aquela garota ali eu poderia jurar que se trata de um viado, mas não era, não era nada viado. o garçom olha pra mim coaquela cara obsessiva, me comendo com os olhos, e não é porque garçons são criaturas atenciosas, e eu bem que gostaria de dizer olha, cara, você não vai conseguir nada por aqui, e ele insiste e dura horas servindo aquele copo d'água numa languidez que eu não veria numa tartaruga, e eu olho pra baixo. a menina cruza o olhar no meu com algo que parece ser ciúme. e eu sigo olhando de rabo de olho. eu daria praquele cara. mas aí a gente acordaria e ele diria bom dia e tudo daria errado depois de então. eu de certa forma até gosto desse lugar de observadora-passiva-analítica. veja bem, eu não estou envolvida. ele pode olhar pra qualquer bunda ou comer várias bocetas e tá tudo bem porque eu nunca vou ter nada com isso, eu simplesmente não estou envolvida, não é maravilhoso?, mas também não estou lá quando ele chega no apartamento louco pra se deitar na cama e recostar a cabeça sobre um peito e braços quentes e discutir kerouac ou dizer que se sente mal. bem, é o preço que se paga. um casal passa rapidamente por mim, eu adoro escutar fragmentos de conversas dos outros, "e o que mais você gosta de fazer além de tirar fotos?", and the man com aquela cara de vontade louca de disparar a falar de si. acho que esse é o grande barato de todo o lance, afinal. "tirar fotos", pensei. fosse eu a fotógrafa, consideraria aquilo uma ofensa. quer dizer, você não pergunta para um tenista o que ele gosta de fazer além de dar com a raquete na bolinha, nem nada do tipo. os dois na minha frente se levantam e vão. o restaurante tem uma cliente só, e então um novo cara, que se senta na minha diagonal esquerda, usa uma daquelas bolsas à tira colo que homens carregam sem parecerem bichas, pelo menos não por isso, uma calça jeans e camisa e sapatos sociais, e não me olha nem por um segundo. é como se eu não existisse. é como se o lugar estivesse cheio. é como se eu fosse aquele garçom olhando pra mim. não é como se eu me incomodasse com isso, mas não é verdade que é esquisito só ter uma alma além da sua num restaurante e você ignorar essa presença solenemente? é claro que é. decido pedir um tempura de sorvete, o garçom diz ok, e um bom tempo, pense em 15 minutos, se passa, e o garçom retorna dizendo que  o sorvete está mole demais para ser servido. é, o meu coração também está mole demais pra sair na rua e ele sai todos os dias e não tem nada que eu possa fazer à respeito disso, me veja o sorvete assim mesmo. não, não é possível retirar o sorvete do congelador agora, bem,
então
vá se foder,
por que você não
me disse
isso
15 minutos
atrás?, então me veja o diabo da conta. e a conta chega e eu pago e vou embora, pensando, pelo menos não gastei aqueles 13 reais a mais, e nem tenho que me importar com nenhum cara querendo comer nenhuma boceta.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

vc riscou as rubricas todas - alegre; excitada; com emoção - da minha personagem na nossa historinha.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

mindinho anelar médio indicador polegar uma caneta e um bando de poeminha fajuto.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

tiros nas costas

porra triste pra caralho pensar
que nunca mais se vai ver o sorriso de alguém
o último contato com aquele ser os teus olhos
batendo naquelas costas e voltando para o
único possível lugar, si mesmos
foda essa sensação de nuncamais
um nuncamais a vera, que se banca
ainda mais se o que se quer mesmo é
chamar a atenção daquelas costas
você pegaria um revólver nessa hora
e daria tiros naquelas costas
tiros por um pouco de atenção
como mãos desesperadas que correm
na direção de cabelos que precisam de corte
e os pegam com firmeza e os puxam pra
trás numa violência que só quem
ama pra caralho pode conhecer
mas que no final só repousam no lugar das
próprias olheiras tentando reter o máximo
possível de lágrimas à favor de uma
cara que quer parecer ok
e então pés que se retiram um-a-um
numas de finalmente ir
um andar pesado como aqueles de
prisioneiros de bolas de ferro nos
tornozelos
tudo isso depois do último abraço e beijos
restos de cadáveres misturados a cimento
na muralha da china
você não sabe como eu me sinto
40 pombos brigando por farelo de
polvilho
você não sabe como eu
me sinto
uma egípcia tentando pedir
socorro em alemão
você não sabe como eu me sinto
envelhecer com a certeza
de que pelo menos conheci a violência
de quem um dia na vida amou pra caralho.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

adeus dará

você acha que é assim beibe?, vamos ser honestos por aqui
não tem nenhum pedaço dessa 
merda que seja piquenique 
às três da tarde no jardim botânico ou bolinhas de 
gude no chão da sala - tava muito mais 
prum vôo de asa delta sobre são conrado ou 
um sr. e sra. smith
ou um piercing no mamilo ou
uma tatuagem de 
caveira

vamos ser honestos por aqui, honey
não tem nenhum pedaço dessa 
merda que seja vamos passear no bosque
enquanto seu lobo não 
vem - 
(tava muito menos pruns beatles
que prum 
portishead)
- talvez a calcinha 
vermelha permanecesse

vamos ser sinceros por aqui, love
tem uma cerveja esquentando 
na sua mão
tem um cigarro chegando 
na ponta, na sua mão
e você não bebe nem 
fuma

então fica assim, beibe
coisas que a gente tapa
tipo o sol com a
peneira
coisas que a gente abafa, tipo, hum,
tipo Por Bem 

hahahahahahahahaha,
hahaha,
ha. ha ha. 

só acaba quando termina, doce
dez pras seis não são seis 
horas já dizia o 
meu velho nos jogos
do flamengo e

estes
- lhe apresento -
são 
uns versinhos impossíveis 
como você e eu
e eles dizem olá, 
e, logo,  
até.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

um carnaval curioso este

esses dias acabei entrando no shopping leblon pra fazer xixi. é carnaval, de modo que o rio de janeiro fica tomado por todo o tipo de gente, e um número e uma espécie grotesca de gente. muito bem, subo a escada rolante e na minha frente vão duas japonesinhas, dessas magrinhas baixinhas com as caras achatadas e celulares que se parecem com robôs e roupas desenvolvidas pela nasa. não, na verdade uma delas usava um shortinho jeans pouco menos espesso do que um cinto de caubói. daí ouço soar atrás de mim uma voz salivando do tipo voz de bicho no cio, que disse, "olha as poupinhas". era um segurança da porta falando pro outro. o cara tava fissurado naquela bunda. e não tinha nada de extraordinário naquela bunda, é só que ela tava de fora. eu acho muito engraçado, e sempre faço quando tenho a oportunidade, falar alguma coisa escrota em português na cara de estrangeiros. tudo é engraçado, desde você segurando a risada até a cara de desentendidos que eles fazem. a única coisa que eu consigo pensar no verão é em como os dias estão quentes pra caralho. então entrar nesses shoppings que ligam o ar condicionado no máximo é delicioso, mas os caras exageram, e quase sempre fica o mó frio. depois do dia do xixi eu ainda fui ao shopping leblon de novo, dessa vez pra almoçar, porque não tinha nada que prestasse em casa. resolvi comer no bob's. foi aí que uma coisa muito curiosa aconteceu. parece que essas grandes empresas contratam pessoas, dessas que fazem bicos, pro cargo de CLIENTE MISTERIOSO, que funciona como uma espécie de espião. o cara vai lá disfarçado de cliente comum e vê como as coisas tão funcionando e anota tudo e repassa pros donos das empresas. pois então, entrei na fila do restaurante e esperei a minha vez. pedi o meu lanche e enquanto esperava chegar alcancei o moleskine dentro da bolsa pra rabiscar umas coisas que cruzavam a minha cabeça, quando pela visão periférica percebo três atendentes enfileiradas na minha frente murmurrando "aí, shirley, essa aí que é a cliente misteriosa", "não, né nada", "é, tô falando que é, ela tá anotando tudo o que a gente tá fazendo. quer ver? moça, você não é a cliente misteriosa?", não tenho como não me aproveitar no momento, "talvez...", "AÍ SHIRLEY, FALEI QUE ERA ELA", "a senhorita quer que eu aumente a coca? fica de graça", "tu tá tentando subornar a cliente misteriosa, shirley?", abaixo a cabeça para rir e completo o que estava escrevendo, "OLHA AÍ, ELA ACABOU DE ANOTAR QUE VOCÊ TENTOU SUBORNAR", "não se preocupe. eu só vou sentar ali e provar esse hamburguer, e se não estiver bom vou mandar alguém aqui atrás de você, hein, shirley", e peguei minha bandeja e cruzei a praça de alimentação do shopping, rindo pra caralho. são coisas como essa que não deixam a gente acreditar no fim do mundo. o ovomaltine é um clássico do bob's, e eu amo ovomaltine, mas raramente peço ovomaltine. porque sempre fico com sede, então acabo preferindo pedir coca cola mesmo. mas só de saber que o ovomaltine tá lá, eu já fico tomada por uma espécie de satisfação gastronômica. e daí tem as pessoas que tão com saudade ou amam alguém que não tá nem aí pra elas ou pra quem elas não tão nem aí embora amem, e vão e escrevem livos do tipo o amor é um cão dos diabos. reli esse aí na semana passada, mas na verdade ele funciona como uma espécie de bíblia pra mim, então sempre volto nele hora ou outra. e aí fiquei pensando no seguinte, sempre vão ter essas pessoas que não dão a mínima, e isso é porque elas dão o mínimo. numas de reler bukowski e de continuar "comendo insônia com blogs", como identificou sabiamente meu querido luiz paulo nenén, ilustre iluminador carioca, acabei sacando que tem escritos que se você isolar, parecem geniais, se você enfiar num contexto são só uma passagem legal, e se você não escrever viram ouro, mas fora do mercado. e li um outro troço do borges dizendo sobre a inutilidade das estéticas, dizendo que estética não passa de vaidade, dizendo que é uma completa abstração e tal. eu não poderia concordar mais. quero experimentar todos os tipos de "estética". existem pessoas e pessoas têm "estéticas" e "estéticas" têm sua origem em outras pessoas. tem toda essa geração beat que se segue, os hemingways e célines trouxeram os kerouacs, cassadys, ginsbergs, que trouxeram os morrissons, que trouxeram tudo quanto é bêbado e poeta. digo, os bons. e apesar das controvérsias eu ainda acho que é muito mais fácil ser um bom escritor do que um bom bêbado.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

tem coisas que eu espero que aconteçam, outras torço pra que aconteçam

tem dias de que você se lembra como se tivessem acabado de acontecer, e aquele era um. lá pelas nove horas saímos do teatro e ficamos esperando ali fora na rua chegar a condução pra gente cair fora, e de lá iríamos jantar, ou cada um iria pra onde quisesse. eu tava num puta mal humor, e tinha motivos pra isso, mas pelo menos tinha comprado um fone de ouvido rosa com um desenho de caveira, e aquilo poderia facilmente salvar o meu dia. a van chegou e todo mundo foi entrando. eu sentei no meio, bem no meio de uma galera extremamente risonha e falante e sem nenhuma noção de projeção, porque projeção também se trata de só usar o volume de voz necessário a cada distância, inclusive às pequenas. o fone que eu comprei era uma merda, eu só comprei porque era rosa e tinha um desenho de caveira, e isso é o tipo de coisa que deixa uma menina como eu louca, e é o suficiente pra uma menina comprar um fone de ouvido. isso acabou de me lembrar o ravel contando do fone de ouvido fodão que ele comprou e que é uma coisa de menino daquelas que um menino grande que já ganha dinheiro compra. ele provavelmente nunca entenderia isso de comprar um fone ruim só porque é rosa e tem um desenho de caveira, mas isso eu não espero que ele entenda. coloquei feeling good na versão da nina no último dos ÚLTIMOS volumes e ainda assim continuava ouvindo aquelas vozes insuportáveis e esganiçadas de mais de três mulheres sem a menor sombra de técnica vocal. eu rezava feito religiosa pagã praquilo acabar rápido. tinha aquele cara. bem atrás de mim. eu gostava, e pra caralho, dele. naquele dia percebi nos olhos que ele comia um monte daquelas mulheres que andavam junto com a gente, na verdade quase todas, e talvez estivesse até se apaixonando por algumas delas. e tinha também uma amiga dele na van, que é fotógrafa, naquele momento eu não tinha quase nada contra aquela figura, mas não disse oi nenhum. e não só não disse oi nenhum como pedi licença umas três vezes pras pessoas que tavam no meu caminho e saí desvairada e sozinha rumo ao restaurante. tem horas em que eu preciso ficar sozinha, completamente sozinha, mas nessas horas sempre tem alguém enchendo a porra do saco, e nas outras também. alguma hora depois eu sempre lamento essas minhas mini fugas, nisso de viver mergulhada dentro de mim eu quase sempre passo por grossa ou mal educada, são efeitos que qualquer um odiaria causar, e alguns acabam causando. eu sempre peço desculpas por dentro, e isso quase me basta. e sigo. aquele era um desses exatos instantes em que você tem certeza de que tão falando mal de você, saca? na hora eu não me importei, e tava colocando todo mundo no mesmo saco, sem a menor piedade. esses dias tenho saído na rua no carnaval. saio às 16:00 e volto às 23:00, leio alguma coisa, durmo até as 3:00 e aí entro no computador. tô lendo assim falou zaratustra e relendo fabulário geral do delírio cotidiano. os últimos dois dias foram assim. gosto dessa solidão. a única coisa que me mantém de pé durante o dia é ficar por aqui de madrugada, lendo todo o tipo de blog que eu puder, como os que eu sempre leio, o do ravel, o do bortolotto, o do linguinha, o do bruno bandido, os de uns caras de porto alegre, de floripa, de brasília. e uma pá de outras coisas. sinto que estar aqui escrevendo às 5:21 da matina é a minha única forma possível de felicidade. outro dia li no blog de um desses caras alguma coisa do tipo "faz poucos meses que acompanho o trabalho dele, uns seis". eu fiquei pensando em como seis meses me parecem muito tempo. acho que ser jovem é mais ou menos isso, enxergar eternidade em meia dúzia de meses. cara, eu espero que deus ou um desses caras que trabalham com ele algum dia me coloquem cara a cara de novo com as pessoas pra quem passei uma má impressão na minha vida. e então dizer pra elas que estavam certas, mas que eu sinto muito por isso, de fato, e que raramente é pessoal. ainda tô tentando descolar um jeito da porra do fone funcionar direito, porque ele é realmente muito fofo, um disperdício né.

transa, não o álbum do caetano de 70

você entende?, tudo não se passa de um jeito de começar textos pela última frase, um jeito específico de estar deitado no sofá, um jeito de elocubrar uma pá de coisas, um jeito alheio de pensar no amor, um jeito cristão de prometer, de sentir culpa, de gostar de dor, um jeito de gemer, e então de fato arrumar um jeito de começar textos, um jeito qualquer de ficar de pé, um de permanecer amante, e um de rezar sem culpa, um de evitar a dor e um jeito de continuar gemendo como agora
é claro que sim - querido - eu não tenho a pretensão de te melhorar em na dinha.
você jura?
olha bem pra minha cara - querido.
você faria o favor de limpar essa remela aí? 
qual o problema com a remela?
alguma coisa de muito real nela.
a realidade ainda é o único lugar em que você pode se deitar no sofá, e toda essa coisa. 
você não gosta de mim, não é?
não exatamente - querido.
era o que eu esperava, mas você certamente choraria se os médicos não tivessem esperança. 
dificilmente - querido -, mas talvez.
caso um dia eu esteja muito mal, jamais opte por um médico que te peça pra rezar. ele não devia confiar mais em deus do que no trabalho dele.
ok. 
vamos, me prometa isso. 
é uma promessa.
(...)
você acha que eu sou dessa maneira por causa dos livros malditos que eu li.
eu -
vamos, admita.
e os filmes. bem, mas você ficaria muito chateado se eu te achasse só um cara desses engraçados - querido. então de repente o que eu acho de você é até uma coisa boa.
você se acha uma grande coisa, né?
nenhum de nós é. eu te acho uma merda que muito me interessa.
eu sinto muito.
só existem dois tipos de coisas, as que você sente, e com as quais eu me importo. 
legal isso que você falou. parece uma coisa que eu teria dito.
você gosta de pernas?
gosto das de fora.
você gosta de mulheres espirituosas?
ora, se gostasse estaríamos juntos.
isso também dependeria de mim.
ora, não fica tentando bancar a difícil quando você tá sem calcinha.
me dá um cigarro aí.
tá tudo bem. as mulheres sempre acabam caindo fora. desse tipo de cara imaturo pra caralho. do tipo de humor seco/sarcástico. 
é mesmo um bom momento pra citar o orkut.
eu tenho sensibilidade.
(...)
eu já fui estuprada, sabia. 
eu imaginei. você tem todo o jeito.
(...)
ei, você sorriu. 
foi passageiro.
tá com vergonha.
claro. sorrir. chegar muito perto da sinceridade.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

the kid is not my son

porra e onde vc tava
na hora que tocou no velho radinho de pilha 
aquela que era mais ou menos assim,

as pessoas sempre me disseram/
cuidado com o q vc faz.
não fique por aí
quebrando o coração de garotinhas.
você q já sabe quem é - faça um favor e deixe essa garrafa aí.
o que é q faz ser tão difícil
q vc me sobrevoe
como um passarinho
sem pena?

retalhos de uma retaliação

com a dor de um aceno q se pretende o último
e o olhar farpado
tenho me comportado como a asma
q te observa da ponta desse teu cigarro
mas não sou nenhum forno pra derreter teu gelo
e aceitar isso parece até um tipo de felicidade

e qdo penso em vc, as minhas não são mais pernas q se abrem
eu não tô mais aí pra almoçar cerveja contigo
nem pra sorrir com a cara inchada de chorar escondida
nem pra ser a-garota-perfeita-a-mulher-maravilhosa-a-namorada-pelo-menos-em-sonho
e vc deve tá aí com a mesma cara de texto q eu não acho tão bom
tragando mentiras adoidado e certamente fodendo em todos os sentidos alguém

tenho me comportado como os ponteiros da manhã
vc me perguntando de rabo de olho se eu existo
na dúvida eu respondendo com as costas q não
me virando na mesma velocidade em q vc virou a página
ia ser mto fácil deixar um bilhete dizendo q vc não presta
é o q todo mundo faz
difícil é conseguir alguma paz nessa tua baderna, e vc não ligou q eu tivesse conseguido

e eu nem soube se na tua casa fazia frio ou calor
e a minha voz nunca soou no teu interfone
o q sei é q hoje a tua noite vai ser boa, e amanha à tarde vai ser uma merda
e na noite de amanhã vc vai portar um copo grande
e beber devagar
torcendo pra q eu não apareça no fundo, com aquela minha velha cara de Sua
e vão ter também todas aquelas garotas q vc chama de sucesso
aquelas q vc sempre faz desaparecer depois do escuro

são três da manha e acho vc algo clichê
já te vi me trocando por muito acaso
mas né, quê que sou eu perto de qualquer coisa q te mantém na madrugada
vc é o jornal de ontem
q devia tá embrulhando o meu peixe
mas só continua embrulhando a merda do meu estômago.







sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

pronto, vc já faz parte de 1/928172839483728394 da minha biografia.

se o que vc queria era a ca bar com a minha raça, vc conseguiu, se não era o que vc queria, bem, vc também conseguiu. depois só não pode chorar pq não tem mais nenhuma da minha espécie.

eu só não admito que vc tenha qualquer tipo de certeza a meu respeito.

então ela abriu a porta, disse isso é psicológico, eu disse talvez, e então ela fechou a porta. mães.

estou sem-nenhuma-condições de me levantar, e no entanto, cá estou eu, de pés.

oi, juízo normal, to ligando pra dizer que to tentando voltar, mas não tem vôo pra agora.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

a américa latina está cheia de cabeleireiras secando os cabelos umas das outras e de vendedores de milho comendo o seu próprio milho.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

e dos votos o mais importante, não me confunda com as tuas fantasias, e eu não te confundirei com as minhas. mas isso aí já é papo de adulto.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

um tipo de imitação sórdido

era uma sexta feira, eu acho. saí do planeta's e peguei um táxi pra pinheiros. encostei no balcão da coletivo galeria sem saber ainda o que pedir. dei uma lida no cardápio porque é isso que a gente faz quando não sabe o que pedir, mas quando a gente sabe exatamente o que tem no cardápio, bom, não parece muito inteligente. resolvi que ia ser uísque, tava entre o Jack e os irmãos Walker, eu não entendo de uísque e não amo uísque, eu sei que tá cheio de gente que entende e de gente que ama e até dos dois tipos de gente, mas no fim das contas uísque não é pra entender, e não necessariamente pra amar, é pra tomar. então a Joana surgiu do meu lado e disse: não toma isso não. faz mal. olhei pra cara dela. logo você?, é, parei com essa vida. fiquei chocada, fui tomada por um súbito sentimento de respeito profundo, e depois dessa eu simplesmente NÃO PODIA tomar aquele uísque. virei pro cara e disse, uma cerveja então, vc ouviu isso aqui né amigo, e ele me deu uma cerveja, não me lembro qual era, e desencostamos dali. sentamos numa mesa na frente da banda que tava tocando. eu tirava fotos da Joana olhando com cara de boba pro guitarrista. eles tão ficando. eu tirava fotos dela e achava aquilo muito bonitinho. mas eu também não entendo de fotos. saí um pouco pra, sei lá, olhar a vista. sp é cheio das vistas, eu sou fanática por vistas, e isso, é claro, é mentira... dali a pouco chegou o Lama, um doido, com outro amigo razoavalmente menos e a sua garota, razoavelmente menos. o Lama pegou a gente pelo braço e fez a gente subir uma escada que dava pro andar de cima, deu uma ronda com a gente pelo lugar e disse que morou lá por um tempo. tempo que ficava escrevendo e bebendo vinho, escrevendo e bebendo vinho. lugarzinho maneiro. depois voltamos pro parlapatões. bebemos mais, comemos milho e conversamos sobre vida boêmia e literatura. e o amigo menos doido vai e diz - eu acho essa coisa toda muito fantasiosa. esses homens de trinta, quarenta e tantos anos na cara, bebendo até de tarde nos bares da cidade... e outra coisa, eu acho super clichê quem lê bukowski fica tentando imitar o estilo de vida dele. e uma puta discussão começa à partir disso. na verdade é meio patético julgar o estilo de vida de alguém. o difícil é tentar entender. as pessoas têm motivos pra ser o q são e fazer o q fazem, e nem mesmo precisam prestar qualquer tipo de conta. o Lama não tentou evitar gargalhar na cara do sujeito. depois as meninas começaram a bocejar (eu e a garota do certinho) e a gente decidiu cair fora. descemos a martins fontes, encontramos com a Baiana que vende trufas (é muito engraçado, ela usa um microfone e conta toda uma história estruturada antes de te dar a trufa, eu comprei uma vez só pra ouvir a história), e não me lembro de mais. queria saber o que o Lama tá fazendo agora. deve tá por aí, imitando o estilo de vida do bukowski. há.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

vejo passar manhãs de sol de dentro do quarto escuro

é uma falta de encanto, uma puta falta de encanto, uma falta de encanto generalizada. parece que eu vivo perdendo a capacidade de me maravilhar, e nessas horas a porra da vida fica um saco. não tem nada, absolutamente nada, impreterivelmente nada que me levante a bunda dessa cadeira. e eu não quero sair daqui. não quero tomar uma Original no baixo gávea, quero que se foda o baixo gávea. não quero ver o último filme do Almodóvar q todo mundo tá falando que é do caralho no cinema, não quero aceitar convite nenhum de nenhum desses caras. gosto de ir na Fernanda, pq quando eu conto essas coisas todas pra ela, ela só olha pra mim e diz, vc tá bem, vc tá melhor do que pensa, não fica aflita. é pra eu ficar relax. mas tô muito desencontrada, tô desencontrada pra caralho. tô desencontrada de casa, de cidade, de trabalho, de foco. tô no meio de um monte de incerteza e sei lá se isso é coisa da idade, diz q é coisa da idade, mas porra, que justificativazinha mais chula, né. nem escrever eu tô conseguindo mais, só um monte de ladainha sobre a minha própria falta de brilho nos olhos. 2011 foi um ano muito muito maluco pra mim. crescer é difícil, é o que falam e dessa vez tenho que pôr crédito no que falam, pq é di verdade. em 2011 quase montei uma banda, mas não montei. se essa banda existisse agora, eu taria cantando tudo isso em vez de deixar só assim, letras pretas numa tela branca, tem palavras q precisam de pronúncia e melodia. em 2011 pensei em apagar esse blog mileduzentas vezes. mas fiz uma coisa melhor, não apaguei. em 2011 conheci pessoas incríveis e outras que mostram a bunda por qualquer coisa, a todas o meu muito obrigada, né. tô cagando pra autoajuda. autoajuda não é porranenhuma. sei lá que que eu quero pra 2012. quero só que seja um ano de coragem. e de uma galera mais original.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

1 centavo o quilo

não
eu não esperava ter sorrido hoje
nem quando vi raul gil
nem quando um cara daqueles realmente bonitos me passou uma cantada
nem quando fiz um ótimo teste pra uma peça foda
nem quando recebi uma mensagem com um convite daqueles dificilmente recusáveis
mas ó ke coisa, eu sorri
e porranenhuma ficou melhor depois disso
sei lá, tem coisa q é foda de esquecer
você tá lá vivendo um dia por que não dizer delicioso?,
coisas bem legais acontecem, gente legal, músicas legais, perspectivas legais
mas aí vem aquela única lembrançazinha escrota e te olha no fundo dos olhos
dizendo TAVA ACHANDO QUE IA FICAR FELIZ HOJE? HÁ HÁ HÁ
e aí vc entra num ônibus com uma pessoa que não pode te ajudar em nada
ela te atrapalha, na verdade
e então ela diz, é ele é realmente bom
você sorri e diz, deve ser mesmo
e ela diz, ele é ele é
e vc não pode nem fechar os olhos pq seria muito estranho
então você só pisca demorado
entre um suspiro e um outro
rezando pra que o ônibus tope com alguma van ou um carro grande
isso pelo menos faria com que ela mudasse de assunto
porra, à noite tem coisas q se recusam a ficar pelo meio do caminho
e ficam vindo
vindo pra caralho
vindo que nem malucas
atrás da gente
o ônibus não topou em nenhuma van nem carro
então eu disse, certamente.
certamente.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

leia ouvindo: http://www.youtube.com/watch?v=AbxgK_l3Apg&feature=related

hj não colei em lugar nenhum. fiquei em casa o dia inteiro e quando deu umas duas da manhã bateu uma puta vontade de tomar um sorvete. coloquei um sutiã, fui, alguma força me puxou pro outro lado do bairro, fui parar no mcdonald's, nada mal. pedi a minha promoção de mcfish com coca de sempre e trouxe naquela sacola parda pra viagem. 9 min no total. não tinha bolsos na minha calça, mas seria um bom passeio pra dar com as mãos nos bolsos. e assobiando. serviu pra dar umas bandas por aí. sentei o bumbum na cama e voltei a escrever a peça nova. tô lá pela décima quinta página e ainda não sei sobre o que é. prometo não descobrir. coloquei tom waits e meus dedos começaram a roquear feito crazy, eu diria sambar mas não é bem o que fazem, pra que mentir, eles roqueiam, é o q fazem, com tom waits. get behind the mule, vc teria alguma coisa a acrescentar a esta noite bárbara?, mcfish, tom waits e uma nova peça, e um ar condicionado, bem, eu entenderia se vc tivesse alguma coisa a acrescentar a esta noite. mas vc tb me entende, né, eu sei. me lembrei do meu NUMA FRIA do buk q tá emprestado, porra, eu odeio emprestá-los por isso, é como emprestar um filho, vc não empresta filhos, as pessoas pegam amor neles, não devolvem. e eu não sei cobrar, se numa entrevista me perguntassem NO QUE VOCÊ É PÉSSIMA eu diria EM COBRAR. bom, vou tentar passar por cima disso, pelo menos esta noite. de repente me deu uma saudade de são paulo. não de tudo, mas definitivamente da augusta, vou ter que me acostumar a não estar lá ouvindo um blues e montes de conversa de solidão. é, vou sentir falta da ladainha. vc é do tipo que vai achar q tô dando em cima de você se eu perguntar qualé o teu nome?, rapaz, s a i a da minha frente. lembro q num sábado távamos ali pela roosevelt e o linguinha disse, odeio ditados, é coisa de quem impõe, em vez de expor. achei bonito isso, mas me soou um bocado como um ditado. eu não quis tirá-lo do sério dizendo isso pra ele. e então ele se virou com sua perna de pau e foi saindo. boa ida, linguinha. tem tb aquele milho da roosevelt. q é uma delícia.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

boas letras nunca deixam suas folhas de papel, ali podem ser insanas, e estar salvas.

olha, vc não é do tipo de garota que faz coisas horríveis com as pessoas e deixa todos os caras mal, é?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

meu andar olha pra baixo, tudo o mais é preço q pago.

acabou a realidade. de volta ao show.

seria bonitinho se vc abrisse um livrinho da claricelispector me lesse um poeminha e nós tomássemos um suco de uva com gotinhas de adoçante mas não somos bonitinhos, não lemos lispector, FAZEMOS poeminhas e vc não é adoçante, é pimenta, e não digo nem do reino.

aquele curioso momento em q vc descobre que outras pessoas também deixam músicas no repeat, e por dias, e vc até se sente redimido de alguma maneira.

tchau, estou tirando 05 anos pra dormir o que você não me deixou.

eu não esperava q vc deixasse qualquer tipo de solução na minha alma, mas tb não precisava levá-la embora, né.

tenho uma vigorosa imagem como recordação, ele de costas várias vezes na mesma janela, e depois em outras. mais umas semaninhas e eu poderia ter virado hostess dali. conheci todos os quartos daquela porra. passavam chave mas a gente dava um jeito. por um tempo chamei aquilo de realidade.

outro verão acabando eu continuo inverno.

a vidraçaria humana também entra em crise, catarata, miopia, paixão.

breve estaremos um diante do outro cada um com seu respectivo par de bolas de gude vibrantes marrons, sem saber o que dizer, dizendo um monte.

eu te amei, mas, espero q você entenda, não catolicamente.

sempre que descubro q não sou deus, isso me dói um pouco.

vamos assistir a um filme b, sentar e tomar um vinho e tratar de assuntos b e nos olhar um na carinha b do outro, só não vai ter b-jo.