você que já veio e você que está

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Nada sei sobre o futuro, sobre amanhã ou sobre cinco minutos mais adiante. Eu temo o futuro, temo amanhã, temo cada minuto adiante. Mas acho que temer não é lá muito produtivo. Há que se trabalhar duro pelo destino que se quer ter, ou então deve-se apenas aceitar o destino que vier, não é isso que estão falando por aí?

Tatear o vazio dói. Poucas pessoas o tatearão. A maioria apenas meterá as mãos pela frente e se assustará ao esbarrar no NADA. É estranho e ruim para todos - o Nada. Mas alguns podem suportar. Outros se desesperam. Procuram soluções. Soluções... Jamais entenderei delas. Conheço melhor os problemas.

Parece que se você fizer tudo direitinho, a estrada de tijolos amarelos estará por lá. O céu vai estar azul. E vão ter frutinhas saborosas pendendo de árvores, cachoeiras de chocolate, magos e príncipes pelo caminho.

É o que vem escrito nas bulas dos remédios: terão tijolos amarelos, frutas, chocolate, magos, etc. Apenas tome.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

super

Estava há pouco no mercado e um cara segurando uma folhagem me perguntou: você já comeu esta couve chinesa? Eu disse que não, que nem sabia que existia couve chinesa, mas que deveria ser algo tipo a couve comum, cuja nacionalidade eu realmente desconheço. Acontece que uma couve não pode ser muito diferente de outra, pelo menos na minha cabeça. Aquela devia ter olhos puxados. Acho que não sei muito sobre couves, já que não as estudei nem jamais fiz nenhum tipo de curso sobre o assunto.

Na fila, tive um outro papo com um cara que ia levando quatro potes de tapioca com mais cinco pacotes de tapioca. Uma vez, também numa fila, discorria sobre a minha dieta com uma senhora que olhou para o meu carrinho e disse: você não deveria comer cuscuz já que faz dieta. E então eu disse, quem diabos vai comer cuscuz? E ela disse, para que então você vai levar essa tapioca? E eu disse, para fazer na panela, tapioca, pô. É coisa de dieta. E ela me alertou: essa tapioca de pacote é diferente da de pote, serve para fazer cuscuz, e não para fazer a tapioca que você quer fazer. Isso embaralhou a minha cabeça. Agradeci pelo aviso. Bem, então achei digno utilizar o meu conhecimento recém adquirido e alertar ao cara: você sabe que essa tapioca de pacote é para fazer cuscuz, não sabe?
Isso embaralhou a cabeça dele. Mas, tá bem, se isso não embaralhasse, alguma outra coisa ia.

As pessoas nos mercados estão terrivelmente acostumadas a se meter na vida umas das outras. Algumas imploram, por favor, se meta na minha vida, não sei o que fazer com couves chinesas. Cara, simplesmente não leve a porra da couve chinesa se você não a conhece. Ou leve e passe a conhecê-la. Como, por deus, eu poderia prepotentemente intervir na sua decisão de levar ou não levar uma tapioca de pacote? Apesar de ser idiota, pareceu o correto a fazer. E eu sempre faço aquilo que me parece correto. Apesar de ser idiota.
Poucas pessoas conhecem a banda Pylon.
Descobri essa banda com 18 anos e nunca mais consegui parar de ouvir. É uma mulher no vocal, eu geralmente gosto quando é uma mulher forte de voz rasgada no vocal. É o caso da Pylon.
A banda é dos anos 80. Acho os anos oitenta uma década magnífica. Quer dizer, não tem nenhuma sonoridade igual a dessa época.

Existem outras bandas que poucos conhecem e eu poderia indicar, mas prefiro indicar para alguns poucos. Guardo-as como se fossem algum tipo de segredo meu. Sei que soa um pouco egoísta, mas, qualé, eu não sou nenhum tipo de assessora de imprensa desses caras.

Às vezes me perguntam por que gosto tanto de rock. Acho que a resposta é: me sinto absolutamente protegida pelo rock. Me sinto eu quando escuto ou produzo rock. É como se eu pudesse ser o que quisesse. Isso é o que me encanta no rock, o que ele permite que eu seja, a sensação de completude que me proporciona. O poder.

Sim, gosto do poder. Gosto de poder - fazer e ser o que me der na telha. Gosto de ser dona de mim. Gosto pra caralho disso.

A mesma coisa acontece com os lances que escrevo. Não me importo com muitas regras, não me importo com regra alguma, pra falar a verdade.

Sou da liberdade. De pensamento, de vestimenta, de gosto musical, literário, sexual, etc etc etc. Tudo o que PERMITE me atrai. No mundo ideal dos meus sonhos, todo mudo é o que quer. Sem ter que se explicar. Sem ter que justificar. Todo mundo é o que é, as coisas são como são, e não há sequer um pentelho fdp para zumbizar no ouvido de ninguém.

Taí meu mundo ideal.


tudo acontece tão rápido
e igualmente rápido desacontece
será mais ágil que a flecha do peito
a ágil flecha da impermanência?
não é mentira
não é frescura
não é romantizar algum tipo de dor
mas tem dias em que simplesmente
você e o universo não pensam parecido.