você que já veio e você que está

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ano.

É com letras póstumas, não de Brás nem de cubanos
Menos engomadas que as de parnasianos
Menos retilíneas que as de cartesianos
Que surgem poemas dessas mãos, levianos

Doidamente a mim me engano
Despudoradamente explano
Que entra ano sai ano entra ano,
O corpo meu inda’rde por um mesmo fulano

Do trapo de teu adeus fiz pano
Do barulho notas de piano
Rio seco do que de lágrimas fora oceano
E sorriso brotou desse rosto profano
(como que jasmim)

Foi com armas como as de veterano
Amou-me aos detalhes como que por plano
Sondou-me qual paisano
Esbanjador vaidoso dum ar urbano

Quis cair no mundo; provinciano
Queira não cair do mundo pois há dano
De minha sempre morenice eterno soberano
De minha doce meninice diabo samaritano.

(É teu nome bom para rimar.
Nunca me foi desafio.)