o jeito como me olhava
com a fissura de um drogado
quantas vezes fomos explosões
na Noite Carioca
em nossos próprios
cômodos
você me simplificou a uma
viagem de ácido sua
uma viagenzinha de ácido sua que canta
músicas e
chupa bolas
você me escondeu
como olheiras de três dias virados
sob óculos escuros
você se parece tanto com os
outros sombrios e sinistros
com o mesmo rosto ossudo e
os mesmos olhos
que me é impossível deixar
de pensar,
quem é a nova
infeliz capturada por esse rosto
ossudo e esses olhos agora?,
e quem é a nova infeliz capaz
de ouvir latidos que
duram dias a respeito da
paixão que o move fervorosamente
contra tudo e todos?,
e como seria te ouvir falar
sem nada daquela repulsa por
dias de sol ou coisas coloridas
em geral?,
mas é provável que você continue
o mesmo criminoso chato
cometendo todo tipo de mesmas
merdas.
roubando corações só pra dar
uma volta no quarteirão
dizendo eu te amo por atenção
e essas coisas
seduzindo árvores, copos, fivelas, sapatos, paredes
garotas
e essas coisas
subindo em árvores frágeis e
beijando de língua cáctus
como suicida, e afundando cada
vez mais esses olhos nessa cara cada
vez mais ossuda como pedras
de gelo em copos
de whisky cada vez
mais frequentes.