você que já veio e você que está

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ao desespero

Outrora quando usava
De maneiras e modos para
Escolher palavra
A escolhida tinha que ser tão doce que
Não ferisse
Palavra menos nua e mais crua se
Não quisesse
Magoar a ti
E não queria
Por isso eu dizia
Menos o que pensava e mais aquilo que um dia
Bem ou mal cessa
Não fosse
A pressa da compressa
De quem comprime
Pois faz promessa
De adoecer
Se eu não ceder
E desvirar de costas
E seu prometer
É não sair das fossas
E apesar
De pouco eu me lixar
Espero que compreender possas:
Dói
Dói no peito dum antigo amante
Quando vê que agora errante
É aquele antigo amado
Sente então no peito o fardo
De quem mata sem a faca
Mas atira
Mesmo fraca
Ou sem mira
E não se põe
Mais a dormir
Pois se vira
A noite toda
Procurando posição
Que não desperte o pesadelo
Desperte do pesadelo
Pesado o elo
Que se faz
Quando alguém fugaz
Com ou sem esmero -
Sem, lembrando, só tendo talento -
Te traz
Ao desespero