você que já veio e você que está

sábado, 11 de setembro de 2010

Do meu dever incontestável e absoluto de me indignar com qualquer coisa, afinal para que servem os jovens?

*Leia ouvindo rock progressivo da pior qualidade

1) Por que, num texto, numerar pessoas é tão mais fácil do que chamá-las por um nome, que terá que ser inventado? Talvez porque números não tenham que ser inventados, eles já existem. Mas e quanto aos números a que nunca se chega numa contagem? O que vem depois dos quinquilhões de qualquer coisa? Quantos pares de All Star caberão numa sala?

2) Porque eu me importo?

3) Faz um tempo, eu me peguei reciclando todas as minhas roupas. Reciclando, mesmo. Selecionando, jogando fora, cortando umas, colando noutras. A verdade anarco-punk é que eu só queria me livrar de roupas. Me livrar de roupas. Deve ser sensacional sair por aí pelado, eu, que sempre quebrei ou tentei quebrar, ou tentarei, convenções, nunca saí. E acho que nunca vou. Essa perspectiva me mata, achar que nunca vou. Mas é a verdade, fazer o quê, não vou ficar me enganando como muitos (ficam me enganando).

4) Eis que são duas coisas que eu adoraria fazer: A) contar eternamente e B) sair por aí pelada. De repente sair por aí pelada, sentar em alguma esquina e contar.

5) Contar eternamente eu vejo como uma forma de desafio. Estou desafiando essas porras desses números. Quero ver até onde eles vão. Eu fico aqui contando. Vamo lá.

6) Agora mesmo vocês foram testemunhas do meu apego por tudo que é finito: separei em A e B os meus planos. Não que sejam planos – não. Mas não é engraçado? Como tudo é mais fácil, até para o ser que não só não é organizado como também não faz questão de ser? É inconscientemente mais prático classificar o que quer que seja em grupos discernidos por letras, números. Letras.

7) Letra não tem essa viadagem. Letra é um negócio que acaba. Depois de “Z”, não tem mais nada, pá, foi, fim. Não tem esse mistério escroto, essa de ninguém saber onde acaba, quando acaba, como acaba, pra que serve o resto que ninguém usa, se alguém usa, se tem resto. Não é que nem número. Número é coisa de viadinho.

8) Letras sempre me agradaram mais do que números. Números são matemática, e matemática tem um santo que não bate com o meu. Sou judia, deve ser isso (judeu não tem santo). Matemática então está tentando bater com um santo que não existe. Vai ficar lá pra sempre. Batendo. Letras são fofas, letras formam palavras, letras dão em música, letras põem a alma pra fora. Letra é uma coisa foda.

9) Como é que você escreveria “eu te amo” pra alguém em números? No máximo ia dar uma de Família Restart, mandando um shift+vírgula+3 (<3 – coraçãozinho). Po, puta falta de sacanagem, meu. (http://www.youtube.com/watch?v=oXMTWS2i2ng)

10) Mas eu ainda quero sair pelada por aí. Tipo Hair.