ele foi embora daqui às duas da manhã
o dia tinha mudado, porque depois de meia noite
muda, mesmo que você não tenha dormido, que ainda esteja escuro
reparei em como a bunda dele era maior
do que eu pensava
fui até lá e apertei
ele me olhou com a cara esquisita que faz
quem não entende alguma coisa
eu expliquei
"percebi que era maior do que eu achava"
nisso ele com os olhos fixos nos meus
esticou o braço e botou
pra tocar uma música no meu som
com o outro, me alcançou, me levantou e me rodou no ar
me pôs no chão e se deitou sobre mim
dias passaram enquanto brincávamos
rolávamos pra lá e pra ali e
mais dias e mais dias e
foi quando eu disse "querido, melhor você ir"
ele, triste. Não se manda alguém embora assim
mas eu mandei, mandei porque
tinha sono, o encontro com a minha cama, mas, eu sozinha
dessa vez,
me fazia delirar de prazer
por isso eu disse o que disse
e com os olhos, de novo, ele me pedia mais
e dizia "vamos"
eu dizia "vá, estou com sono, minha boca está seca
você me está secando os lábios, os olhos, está me
deixando anêmica. E olha que não estamos numa história de vampiro"
ele sugeriu entrarmos; eu, delicadamente, me levantei
comecei a me vestir de forma sugestiva
minha sugestão era que ele fosse - eu queria mesmo dormir
vi a mágoa em toda a sua linguagem corporal
fiz que liguei mas não liguei
apaziguei "vamos, querido, não fique assim"
foi quando percebi: nem eu estava mais lá
a bebida me havia subido à cabeça e o sono, então
tudo conspirava para que eu desmaiasse ali mesmo
mas não.
Ele se levantou
e fomos à porta
no que ele dispara: "nunca mais faço sexo com você
você me deixa atordoado
eu nunca sei o que pensar
você me usa
você acha que eu sou um brinquedo
você me trata como se"
"vá para casa e me deixe saber quando chegar, sim?"
e um beijinho
na trave
depois uma mensagem
"eu nunca mais quero te ver. Ingrata"
e tudo isso por causa de uma simples
e corriqueira
apertada de bunda.