você que já veio e você que está

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Do momento now


1. Tenho encontrado paz e tranquilidade em tudo aquilo que antes afirmava ser impossível fazer parte de minha vida. Gosto de ir à praia. Gosto de olhar o mar. Gosto de pensar em mim enquanto olho o mar. O sol batendo em minhas costas já não me incomoda como antes, pelo contrário.

2. Penso na ideia de um filho. Penso em mesmo teto com alguém que vai acabar barrigudo e de quem vou torrar o saco quando estiver entediada.

3. Estou mais plena para as coisas. Não acho mais que só preto pode ficar legal. Não sinto mais que sou rebelde. Não me sinto uma pessoa rebelde. Embora eu seja, eu seja uma rebeldezinha. O negócio é que não tô mais afim de ir, necessariamente, contra nenhuma dessas correntes. Os sensos comuns. Estou ok com os sensos comuns. Prova disso é que estou usando as maiúsculas e as pontuações todinhas.

4. Tenho agora algum, veja, algum tato sobre minhas responsabilidades. Eu poderia telefonar para algumas pessoas de quem tenho os números e pedir desculpas. Mas talvez não fossem tão sinceras quanto o fato de eu não telefonar. Fico nesse dilema, é um saco.

5. Passei a gostar de Yakulte. Acho mesmo que estou me aceitando, é, talvez esteja me aceitando com meus dedos curtos e grossos de criança, mãos descascando de psoríase, unhas encravadas e doenças e mais chateações. Talvez o que eu precisasse fosse me sentir parte do caminho. Talvez o próprio sentir-se parte seja a porra do caminho. Sei que estou no chamado começo da vida. Em quanto tempo, mais ou menos, acaba o começo? Quanta dor ainda vem, coisa e tal, blá blá blá?

6. Um bom começo está sendo não pretender nenhum tipo de metamorfose instantânea. Por exemplo, maturidade é saber que tem um pacote de nuggets com recheio de queijo congelados no frizer e sequer passar perto daquela coisa caloricamente deliciosa. E a despeito dessa maturidade, fui eu mesma quem comprou o pacote.

7. Eu tenho pensado sobre o assunto e relembrado de pessoas que passaram por minha vida. Os caras mais estragados sempre iam ao banheiro e voltam sem pelos na cara. Acho que todos os bêbados fazem a barba numas de se purificar, mas só os bêbados comedores, existem bêbados barbudos e esses não comem ninguém.

8. Tenho um namorado cujo sobrenome atearia fogo no meu há 50 anos atrás. Eu sou uma má judia e ele é um mau alemão, nenhum de nós pratica a própria natureza, por isso passamos noites tranquilas, um não tenta matar e outro não foge ou morre ou entra para a Resistência.