você que já veio e você que está
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
Declaro que odeio São Paulo
Isso aqui é sobre como a saudade te invade o corpo
Esse meu amigo me pediu que eu escrevesse alguma coisa. Porque ele queria muitíssimo ler alguma coisa no meu blog. Meses e anos estão se passando e eu ainda não entendi como é que num segundo alguém que morava só uns metros distante de mim foi teletransportado para São Paulo. Eu odeio São Paulo. Eu te odeio, São Paulo, não só porque você é cinza e horrorosa, mas principalmente porque você levou o meu melhor amigo daqui, de perto de mim. A saudade dum namorado que te largou é ruim também, mas é diferente da saudade dum amigo. A saudade do namorado dá no corpo, assim como a saudade dum amigo. Só que a diferença está em que a saudade do namorado passa em tempinho. A saudade do amigo fica pra sempre. Impregnada. É quase uma putaria. Você precisa daquela pessoa, precisa, precisa porque ama e porque estar longe dela te mata um pouquinho todo dia. E é foda. É foda estar longe dum amigo. Inda mais do melhor dos teus amigos. Não o melhor porque é o mais bonito ou porque é o mais inteligente ou porque, no caso desse meu, desenha melhor que todo mundo que você conhece e sabe fazer réplicas de tudo que envolva Harry potter. Melhor, quando eu digo, quer dizer o que, por essência, por um fio de prata maluco ou simplesmente por amor, está preso a você. E agora que ele está longe – ou melhor, não é de agora -parece que me falta um pedaço. Eu sofro. As partes do meu corpo sentem saudade. Não é como se a gente fosse se encontrar uma vez e essa dor passasse. É nessa vez que a gente sente os olhos brilhando meio de choro, meio de felicidade, meio de choro de felicidade e uma porrada de dor. Ou da dor de uma porrada. O importante é que a gente sabe que, no fundo, está vivo. E existem aviões.
Te amo, Leozinho.
Esse meu amigo me pediu que eu escrevesse alguma coisa. Porque ele queria muitíssimo ler alguma coisa no meu blog. Meses e anos estão se passando e eu ainda não entendi como é que num segundo alguém que morava só uns metros distante de mim foi teletransportado para São Paulo. Eu odeio São Paulo. Eu te odeio, São Paulo, não só porque você é cinza e horrorosa, mas principalmente porque você levou o meu melhor amigo daqui, de perto de mim. A saudade dum namorado que te largou é ruim também, mas é diferente da saudade dum amigo. A saudade do namorado dá no corpo, assim como a saudade dum amigo. Só que a diferença está em que a saudade do namorado passa em tempinho. A saudade do amigo fica pra sempre. Impregnada. É quase uma putaria. Você precisa daquela pessoa, precisa, precisa porque ama e porque estar longe dela te mata um pouquinho todo dia. E é foda. É foda estar longe dum amigo. Inda mais do melhor dos teus amigos. Não o melhor porque é o mais bonito ou porque é o mais inteligente ou porque, no caso desse meu, desenha melhor que todo mundo que você conhece e sabe fazer réplicas de tudo que envolva Harry potter. Melhor, quando eu digo, quer dizer o que, por essência, por um fio de prata maluco ou simplesmente por amor, está preso a você. E agora que ele está longe – ou melhor, não é de agora -parece que me falta um pedaço. Eu sofro. As partes do meu corpo sentem saudade. Não é como se a gente fosse se encontrar uma vez e essa dor passasse. É nessa vez que a gente sente os olhos brilhando meio de choro, meio de felicidade, meio de choro de felicidade e uma porrada de dor. Ou da dor de uma porrada. O importante é que a gente sabe que, no fundo, está vivo. E existem aviões.
Te amo, Leozinho.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Coxinha de Galinha
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
[In](efi)ciências Exatas
A vida inteira venho desprezando a matemática e a biologia e a física e a química por dizê-las e pensá-las inúteis a minha existência.
A minha existência inteira, por sua vez, é dedicada ao samba que a tinta da caneta faz no papel, desvendando magicamente todo o arredor de minha mente.
O samba é feito de notas, do grave e do agudo, e pelo samba os ouvidos movem os pés, que levam junto os quadris e a partir daí toda uma seqüência de movimentos se segue, formando o sambar. O samba, porém, necessita não só dos sambistas, mas do sambar e dos sambódromos. O sambódromo é o leito materno do samba. É como a sua casinha.
Para o samba ser samba, é necessário estar inteiro. E sua integridade só se faz se presentes todos os elementos que, por natureza, o constituem. Ou, quanto mais desses elementos, melhor.
Um cérebro é como o samba, ou como qualquer outra coisa integral. Quanto mais elementos a semeá-lo, melhor, mais rico, mais cérebro.
E como posso eu escrever se não conheço um mundo de inutilidades tão inteligentes que só chamo de inutilidades porque não possuo habilidade o suficiente para acompanhá-las, pela minha própria falta de inteligência?
A vida inteira tenho pensado desprezar a matemática e a biologia e a física e a química, quando, na verdade, são elas que vêm me desprezando.
A minha existência inteira, por sua vez, é dedicada ao samba que a tinta da caneta faz no papel, desvendando magicamente todo o arredor de minha mente.
O samba é feito de notas, do grave e do agudo, e pelo samba os ouvidos movem os pés, que levam junto os quadris e a partir daí toda uma seqüência de movimentos se segue, formando o sambar. O samba, porém, necessita não só dos sambistas, mas do sambar e dos sambódromos. O sambódromo é o leito materno do samba. É como a sua casinha.
Para o samba ser samba, é necessário estar inteiro. E sua integridade só se faz se presentes todos os elementos que, por natureza, o constituem. Ou, quanto mais desses elementos, melhor.
Um cérebro é como o samba, ou como qualquer outra coisa integral. Quanto mais elementos a semeá-lo, melhor, mais rico, mais cérebro.
E como posso eu escrever se não conheço um mundo de inutilidades tão inteligentes que só chamo de inutilidades porque não possuo habilidade o suficiente para acompanhá-las, pela minha própria falta de inteligência?
A vida inteira tenho pensado desprezar a matemática e a biologia e a física e a química, quando, na verdade, são elas que vêm me desprezando.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Os blogs que aparecem aqui do lado - parte 1
Estive pensando e resolvi compilar de forma singela e nada confiável a minha descrição própria dos blogs alheios que acompanho. Cheguei às seguintes conclusões:
BLOG
1 - Do Pellegrino: é como taxi em dia de chuva (nada a ver com aquilo de “quando chove, escassa”, sobre amigos falsos) – vem um por ano, mas quando vem, é maravilhoso.
2 - Do Rodrigo: kafka, Shakespeare, Voltaire, jorge amado, machado de Assis, Fernando Sabino, Paulo coelho, Gabriel Garcia Marquez, Tchekov, Ibsen, Nelson Rodrigues, Mário Quintana, Guy de Maupassant, Eça de Queiroz, Veríssimo e Dias Gomes: são todos conhecidamente excelentes escritores. E todos eles têm inveja do blog do Rodrigo.
3 - Do Pablo: parece o blog uma menininha de 14 anos apaixonada. É por isso que eu amo (eu sou uma menininha de14 anos apaixonada. Isso é mentira. Ta, é meio verdade. Na verdade, é dois terços verdade. Eu sou uma menininha e sou apaixonada. Mas não tenho 14 anos).
3 - Do Daniel (Gafa, Mano Belma, Juquinha, Bilubilubilubilutetéia): é como a vida de um psicólogo. Se voce não esta satisfeito com os seus problemas, ele te conta os dele e os do mundo inteiro (recados para a avó Nina, notícias do Mundo Bizarro, como morte de cachorro na Nova Zelândia, problemas gramaticais de outrem, documentação de más experiências ligadas ao sexo oposto e um texto chamado “bolo” que dispensa outros exemplos, comentários ou qualquer outro caractere)
4 - Do Pig: Um parnasiano, só que cheio de sentimento e muito mais inteligente. Tão inteligente que a gente costuma passar um tempinho tentando entender.
5 - Da Cris e da, relativamente nova, amiguinha Nanda: um ‘Confissões das mulheres de trinta’, com toda a sabedoria dos quarenta. Opa. Dos vinte e dois.
(breve, mais)
BLOG
1 - Do Pellegrino: é como taxi em dia de chuva (nada a ver com aquilo de “quando chove, escassa”, sobre amigos falsos) – vem um por ano, mas quando vem, é maravilhoso.
2 - Do Rodrigo: kafka, Shakespeare, Voltaire, jorge amado, machado de Assis, Fernando Sabino, Paulo coelho, Gabriel Garcia Marquez, Tchekov, Ibsen, Nelson Rodrigues, Mário Quintana, Guy de Maupassant, Eça de Queiroz, Veríssimo e Dias Gomes: são todos conhecidamente excelentes escritores. E todos eles têm inveja do blog do Rodrigo.
3 - Do Pablo: parece o blog uma menininha de 14 anos apaixonada. É por isso que eu amo (eu sou uma menininha de14 anos apaixonada. Isso é mentira. Ta, é meio verdade. Na verdade, é dois terços verdade. Eu sou uma menininha e sou apaixonada. Mas não tenho 14 anos).
3 - Do Daniel (Gafa, Mano Belma, Juquinha, Bilubilubilubilutetéia): é como a vida de um psicólogo. Se voce não esta satisfeito com os seus problemas, ele te conta os dele e os do mundo inteiro (recados para a avó Nina, notícias do Mundo Bizarro, como morte de cachorro na Nova Zelândia, problemas gramaticais de outrem, documentação de más experiências ligadas ao sexo oposto e um texto chamado “bolo” que dispensa outros exemplos, comentários ou qualquer outro caractere)
4 - Do Pig: Um parnasiano, só que cheio de sentimento e muito mais inteligente. Tão inteligente que a gente costuma passar um tempinho tentando entender.
5 - Da Cris e da, relativamente nova, amiguinha Nanda: um ‘Confissões das mulheres de trinta’, com toda a sabedoria dos quarenta. Opa. Dos vinte e dois.
(breve, mais)
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Deusomem
Nos cantos todos do país, de cidade em cidade, o gosto dele era passear e ir comendo as meninas.
Entre virgens e putas, das mais astutas às mais inocentemente santas. Sem ou com aval. Por mal ou por bem.
As meninas emprenhando iam.
E ele viajava. Viajava ele pra onde já ia sem contar com o emprenhamento das moças. Ele não contava mesmo, não ia contar, nunca contava.
Chegava ao próximo lugar e já ia emprenhando mais três. Depois se mudava.
Ele não ficava pra conhecer a cara da criança.
Isso porque podia doer demais ou pesar no bolso.
Com o bolso era pras próprias meninas se preocuparem. Ele com isso tinha nada.
Ia seguindo só, somente.
De bairro em bairro, cidade em cidade, estado em estado plantando semente.
As mães iam algumas nem ligando, outras se emputecendo e mandando telegramas.
Mas telegrama era caro que só. Telegrama custa por palavra. Na tentativa de baratear ficava alguma coisa desse jeito:
MENINO NASCEU VOCÊ PAI.
Ele entendia de qualquer jeito mais barato.
1 – O menino que nasceu é o seu pai.
2 – Menino, você nasceu, pai.
3 – O pai do menino que é você nasceu.
O homem tinha tantos filhos que, se pegasse pra criar, ia criar o mundo.
O homem, se não se mudasse tanto, ia ser Deus.
Entre virgens e putas, das mais astutas às mais inocentemente santas. Sem ou com aval. Por mal ou por bem.
As meninas emprenhando iam.
E ele viajava. Viajava ele pra onde já ia sem contar com o emprenhamento das moças. Ele não contava mesmo, não ia contar, nunca contava.
Chegava ao próximo lugar e já ia emprenhando mais três. Depois se mudava.
Ele não ficava pra conhecer a cara da criança.
Isso porque podia doer demais ou pesar no bolso.
Com o bolso era pras próprias meninas se preocuparem. Ele com isso tinha nada.
Ia seguindo só, somente.
De bairro em bairro, cidade em cidade, estado em estado plantando semente.
As mães iam algumas nem ligando, outras se emputecendo e mandando telegramas.
Mas telegrama era caro que só. Telegrama custa por palavra. Na tentativa de baratear ficava alguma coisa desse jeito:
MENINO NASCEU VOCÊ PAI.
Ele entendia de qualquer jeito mais barato.
1 – O menino que nasceu é o seu pai.
2 – Menino, você nasceu, pai.
3 – O pai do menino que é você nasceu.
O homem tinha tantos filhos que, se pegasse pra criar, ia criar o mundo.
O homem, se não se mudasse tanto, ia ser Deus.
domingo, 4 de outubro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Da minha fixação por ovos
ovo mexido
é o destino mais triste
dum ovo
a colher remexe
e mexe de novo
até virar papa
O ovo
o ovo estrelado
é bonito que só
e o menos trabalhado
você larga ele lá
e só
ele vira
estrelado
mais triste é o homem
que come o ovo
sabendo comer
um pintinho não nato
mas também dá sorriso
pois dava dó mesmo
era se estivesse comendo
o pintinho depois de nascido
é o destino mais triste
dum ovo
a colher remexe
e mexe de novo
até virar papa
O ovo
o ovo estrelado
é bonito que só
e o menos trabalhado
você larga ele lá
e só
ele vira
estrelado
mais triste é o homem
que come o ovo
sabendo comer
um pintinho não nato
mas também dá sorriso
pois dava dó mesmo
era se estivesse comendo
o pintinho depois de nascido
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