você que já veio e você que está

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Deusomem

Nos cantos todos do país, de cidade em cidade, o gosto dele era passear e ir comendo as meninas.
Entre virgens e putas, das mais astutas às mais inocentemente santas. Sem ou com aval. Por mal ou por bem.
As meninas emprenhando iam.
E ele viajava. Viajava ele pra onde já ia sem contar com o emprenhamento das moças. Ele não contava mesmo, não ia contar, nunca contava.
Chegava ao próximo lugar e já ia emprenhando mais três. Depois se mudava.
Ele não ficava pra conhecer a cara da criança.
Isso porque podia doer demais ou pesar no bolso.
Com o bolso era pras próprias meninas se preocuparem. Ele com isso tinha nada.
Ia seguindo só, somente.
De bairro em bairro, cidade em cidade, estado em estado plantando semente.
As mães iam algumas nem ligando, outras se emputecendo e mandando telegramas.
Mas telegrama era caro que só. Telegrama custa por palavra. Na tentativa de baratear ficava alguma coisa desse jeito:
MENINO NASCEU VOCÊ PAI.
Ele entendia de qualquer jeito mais barato.
1 – O menino que nasceu é o seu pai.
2 – Menino, você nasceu, pai.
3 – O pai do menino que é você nasceu.
O homem tinha tantos filhos que, se pegasse pra criar, ia criar o mundo.
O homem, se não se mudasse tanto, ia ser Deus.