você que já veio e você que está

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

[In](efi)ciências Exatas

A vida inteira venho desprezando a matemática e a biologia e a física e a química por dizê-las e pensá-las inúteis a minha existência.
A minha existência inteira, por sua vez, é dedicada ao samba que a tinta da caneta faz no papel, desvendando magicamente todo o arredor de minha mente.
O samba é feito de notas, do grave e do agudo, e pelo samba os ouvidos movem os pés, que levam junto os quadris e a partir daí toda uma seqüência de movimentos se segue, formando o sambar. O samba, porém, necessita não só dos sambistas, mas do sambar e dos sambódromos. O sambódromo é o leito materno do samba. É como a sua casinha.
Para o samba ser samba, é necessário estar inteiro. E sua integridade só se faz se presentes todos os elementos que, por natureza, o constituem. Ou, quanto mais desses elementos, melhor.
Um cérebro é como o samba, ou como qualquer outra coisa integral. Quanto mais elementos a semeá-lo, melhor, mais rico, mais cérebro.
E como posso eu escrever se não conheço um mundo de inutilidades tão inteligentes que só chamo de inutilidades porque não possuo habilidade o suficiente para acompanhá-las, pela minha própria falta de inteligência?
A vida inteira tenho pensado desprezar a matemática e a biologia e a física e a química, quando, na verdade, são elas que vêm me desprezando.