você que já veio e você que está

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Letras

De letras não podes viver, menina.
Ou de sonhos em papel.
Estudo é de que precisas,
Crês que te leva longe esse cordel?
Dia futuro, hás de se lembrar
Das palavras de quem te cuida.
Precisarás de quem te acuda,
Afundar-se-á em lamúrias.
Ponha a cabeça no lugar,
Largue de mão essa idéia.
Artista é vagabundo,
Um bastardo na miséria.
Queres para ti este destino?
Uma vida em desalinho,
O teu encalço, um desatino?
De letras não podes viver, menina.

Deixa-me sonhar, deixa-me em paz.
Que um dia mostrarei a ti de que é que sou capaz.
A ti e a todo mundo, mas deixa-me agora só, por um segundo,
Com meus sonhos em papel,
E minhas tiras de cordel.
A ti é que enganastes no conceito de miséria.
Miséria é em que vives,
Sem ter algo que veneras.
Deixa-me, então, livre para me arrepender,
Pois antes fracassar do que decidir por não fazer.


Yasmin Gomlevsky