você que já veio e você que está

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

um tipo de imitação sórdido

era uma sexta feira, eu acho. saí do planeta's e peguei um táxi pra pinheiros. encostei no balcão da coletivo galeria sem saber ainda o que pedir. dei uma lida no cardápio porque é isso que a gente faz quando não sabe o que pedir, mas quando a gente sabe exatamente o que tem no cardápio, bom, não parece muito inteligente. resolvi que ia ser uísque, tava entre o Jack e os irmãos Walker, eu não entendo de uísque e não amo uísque, eu sei que tá cheio de gente que entende e de gente que ama e até dos dois tipos de gente, mas no fim das contas uísque não é pra entender, e não necessariamente pra amar, é pra tomar. então a Joana surgiu do meu lado e disse: não toma isso não. faz mal. olhei pra cara dela. logo você?, é, parei com essa vida. fiquei chocada, fui tomada por um súbito sentimento de respeito profundo, e depois dessa eu simplesmente NÃO PODIA tomar aquele uísque. virei pro cara e disse, uma cerveja então, vc ouviu isso aqui né amigo, e ele me deu uma cerveja, não me lembro qual era, e desencostamos dali. sentamos numa mesa na frente da banda que tava tocando. eu tirava fotos da Joana olhando com cara de boba pro guitarrista. eles tão ficando. eu tirava fotos dela e achava aquilo muito bonitinho. mas eu também não entendo de fotos. saí um pouco pra, sei lá, olhar a vista. sp é cheio das vistas, eu sou fanática por vistas, e isso, é claro, é mentira... dali a pouco chegou o Lama, um doido, com outro amigo razoavalmente menos e a sua garota, razoavelmente menos. o Lama pegou a gente pelo braço e fez a gente subir uma escada que dava pro andar de cima, deu uma ronda com a gente pelo lugar e disse que morou lá por um tempo. tempo que ficava escrevendo e bebendo vinho, escrevendo e bebendo vinho. lugarzinho maneiro. depois voltamos pro parlapatões. bebemos mais, comemos milho e conversamos sobre vida boêmia e literatura. e o amigo menos doido vai e diz - eu acho essa coisa toda muito fantasiosa. esses homens de trinta, quarenta e tantos anos na cara, bebendo até de tarde nos bares da cidade... e outra coisa, eu acho super clichê quem lê bukowski fica tentando imitar o estilo de vida dele. e uma puta discussão começa à partir disso. na verdade é meio patético julgar o estilo de vida de alguém. o difícil é tentar entender. as pessoas têm motivos pra ser o q são e fazer o q fazem, e nem mesmo precisam prestar qualquer tipo de conta. o Lama não tentou evitar gargalhar na cara do sujeito. depois as meninas começaram a bocejar (eu e a garota do certinho) e a gente decidiu cair fora. descemos a martins fontes, encontramos com a Baiana que vende trufas (é muito engraçado, ela usa um microfone e conta toda uma história estruturada antes de te dar a trufa, eu comprei uma vez só pra ouvir a história), e não me lembro de mais. queria saber o que o Lama tá fazendo agora. deve tá por aí, imitando o estilo de vida do bukowski. há.