você que já veio e você que está

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Educação Física

Tudo bem que eu não sou um gênio, não tiro notas excelentes, mal sei fazer conta de dividir e sempre esqueço onde fica o Paraná no mapa na prova de geografia – sempre cai essa porra, mas eu peguei mania de só responder “globalização” e “êxodo rural” em todas as questões e parece que às vezes funciona -, mas o grande problema da minha vida escolar sempre foi ela, a maléfica e aterrorizante educação física. Desde pequena eu coleciono um leque de questionamentos acerca do que os professores/pseudo-atletas enchem a boca para chamar de “uma matéria como todas as outras”. Por exemplo: queimado, me explica - pra quê? Queimado é um negocio violento, aguça a marginalidade nas menores e mais inocentes criancinhas e de quebra machuca os sensíveis! De que forma isso pode ser benéfico para uma pessoa, meu deus? Quer descarregar a energia do garoto? Põe na natação! Não dói, não marginaliza, não cria trauma. A menina você pode por no balé, no jazz. Olha aí. Com tantas opções, pra que jogar queimado?! Eu nunca botaria o meu filho pra jogar queimado. Talvez porque eu não pretenda ter um. Mas isso é tópico para outra conversa. Outra coisa que eu não entendo/gosto/consigo é pique-corrente. É tipo uma espécie de frente de batalha só que desarmada, desengonçada e sem objetivo de luta (pegar o coleguinha não conta, to falando de algo maior, como conquistar um país, quem sabe). E sempre tem o retardado que solta, o imbecil que cai, o gordo que não acompanha o ritmo de corrida do resto, o débil mental que corre pro lado oposto de toda a corrente, o enfurecido que vai mais rápido que todo mundo e acaba por destruir os elos em menos de um milésimo de segundo com a sua força vulcânica, etcétera. E isso tudo é só o aquecimento; fode mesmo é quando começa a aula. Começando pela escolha dos times: sempre tem aquelas quatro ou cinco que jogam melhor do que todo mundo (mas tudo bem, geralmente são feias), e elas são as que escolhem os times. Essa pra mim é a hora do descanso. Isso porque entre umas quarenta alunas, eu sou sempre a última a ser escolhida. Então eu já providencio a minha água de côco e a minha barraca para ficar debob enquanto vejo uma a uma levantando e saltitando alegremente para o seu destino. Duas horas depois começam os esportes, que costumam ser handebol, futebol, vôlei ou basquete. No handebol, eu, 94% das vezes fico correndo de um lado para o outro com os braços levantados, pra tentar “marcar”, porque é isso que quem não sabe fazer gol e nem impedir que façam contra o seu time faz. Nas outras 6% sabe-se lá o que eu estou fazendo (ta, eu fui legal demais comigo mesma nessa porcentagem. Talvez seja o contrário). O futebol é o que eu mais gosto. Acho que é porque nenhuma menina sabe jogar futebol. Então eu sou só mais uma. O vôlei é o menos trágico, porque não tem que correr, então é bastante cômodo. Fora que dá pra fingir facilmente que você está jogando, só ficando parado e olhando com cara feia de “putz” quando a bola sai ou o time adversário marca ponto, como se isso te chateasse profundamente. Agora, basquete eu não jogo. Não jogo, não jogo, não jogo, não adianta. Eu hein, tenho amor pelo meu dedo mindinho. Me martirizei por anos nessa bosta desse basquete, até perceber o mal inenarrável que ele me fazia, e aí foi quando cortei de uma vez por todas qualquer tipo de relação com aquela bola laranjamente gigante.
Mas enfim, educação física é saúde.