você que já veio e você que está

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Existandário pré-adolescente

Eu sabia que já estava tarde. E que isso era coisa de puta. Estava tarde, isso era coisa de puta, eu queria ir assim mesmo, eu fui. Coloquei o sutiã por baixo da blusa do pijama, troquei de calça, enfiei um chinelo no pé e fui. Ir largada é bom. Parece que você ta cagando. Parecer que você ta cagando é ótimo. Mas não sem antes passar um blush e uma pitada de pó na espinha que eu tenho em cima do queixo que já é quase da família. Aí tá, fui mesmo agora. Rodei a chave devagarinho, que se a minha mãe acordasse eu tava totalmente fudida. Nisso, o meu coração lá, né? Tipo, quase uma rave, para a qual ele resolveu convidar a minha barriga também. Fofo. Até o outro lado da rua eu fui saltitando em silêncio – se eu já não estava mais em casa não estava importando muito. Chovendo, né. Chovendo pra caralho – porra, que merda, juro cara, eu sou uma retardada mesmo, por que eu faço essas coisas? Super desnecessário. Eu viveria muito bem sem essa. Eu podia muito bem estar dormindo fofinha na minha cama. Eu devia era ter. Ok. Cheguei. Era rápido mesmo, passos, só. Toquei a campainha, boa noite. Noite não, dia. Dia, não. Noite, que ainda não dormi, então é noite, né moço? Céus. Que trash. Então, eu vou pra casa do Fred. É, EU FUI PRA CASA DO FRED, A MESMA CASA EM QUE EU DISSE ANTEONTEM QUE NUNCA MAIS PISARIA, O MESMO FRED QUE EU DISSE ANTEONTEM QUE NUNCA MAIS PEGARIA. Qual o seu nome, minha filha? O porteiro já zumbi, tadinho. Também, né, três horas da manhã lá é hora de se aparecer em casa de homem? Aliás, de qualquer pessoa. Mas, de homem! Ai, meu Deus, que putaria. Beatriz, moço. Diz Bia. Bia rima com putaria. Que rima com corria. Que era isso que eu devia estar fazendo agora. Ta bom, menina, pode subir. Ok. Ok. Ok. Ok. Ah, ok, obrigada! Agora eu tenho que subir. Ta ok. Eu tenho total controle sobre o ângulo de trezentos e sessenta graus a minha volta. Eu sou a única e soberana dona de mim mesma, oi Fred, tudo bem? Shit. Carráleo. Fudió, fudió, não, não senhora, a senhora é uma adolescente completamente madura e crescida cujos peitos são enormes e por isso nada pode dar errado. Não me pergunte qual a relação do tamanho dos meus peitos com a funcionalidade das coisas, mas para alguma porra estes dois deviam servir, e ESSE ERA O MOMENTO. O Fred super foi simpático, super me chamou pro quarto dele e eu super não sabia o que eu tava fazendo ali. Você é linda. É, Fred, você quer me comer, eu sei, pode pular isso. É, Fred, você comentou. Não, Bia, sério, você é muito gata. Ta, beleza, obrigada. Aí ele colocou a mão na minha perna e tal. Eu tensa, né. Nunca tinha ido para a casa de um garoto tipo ÀS TRÊS DA MANHÃ. Alôou, cúmulo da putaria. Aí ta, beleza, normalzão, a gente se pegou, falou umas coisas meio podres hahahaha, mas tipo, engraçadonas, e aí ta, eu dei. Eu dei pro Fred. Ah, dei, né, gente. Foi iraaado. Me senti completa, plena, sabe? Total uma outra pessoa. Eu nunca me senti tão adulta, parecia que eu tinha crescido, sei lá, uns trinta anos.

Mas a mamãe super não pode saber.