você que já veio e você que está

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Minimalismo.

Do que se pode dar
O que se pode querer
É, no mínimo, animalismo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ano.

É com letras póstumas, não de Brás nem de cubanos
Menos engomadas que as de parnasianos
Menos retilíneas que as de cartesianos
Que surgem poemas dessas mãos, levianos

Doidamente a mim me engano
Despudoradamente explano
Que entra ano sai ano entra ano,
O corpo meu inda’rde por um mesmo fulano

Do trapo de teu adeus fiz pano
Do barulho notas de piano
Rio seco do que de lágrimas fora oceano
E sorriso brotou desse rosto profano
(como que jasmim)

Foi com armas como as de veterano
Amou-me aos detalhes como que por plano
Sondou-me qual paisano
Esbanjador vaidoso dum ar urbano

Quis cair no mundo; provinciano
Queira não cair do mundo pois há dano
De minha sempre morenice eterno soberano
De minha doce meninice diabo samaritano.

(É teu nome bom para rimar.
Nunca me foi desafio.)

sábado, 21 de agosto de 2010

Do razo de todo ser

De voltas e voltas que dei
sei é que de livros que li, pessoas que amei
peguei para mim um pequeno bocado
de lições que compartilho com quem
se dispõe cá e lá, calado
a escutar
o que fiquei loucamente afim de espalhar, depois que primeiramente percebi:
como a gente é pequeno!
diante da infinidade das coisas, boas ou más
diante da divindade, existente ela ou não
diante dos outros, diante um do outro
e como a gente é otário!
na frente do homem seu ego, na frente deste, nada
muros, castelos se cria
a si próprio recria-se para o gozar de si próprio
e o quão tolo é pensar na mesquinharia que são os nossos achares?
no que se baseiam os nossos quereres? na pequenez
de nós mesmos, em corpos de gigantes, quer parecer às formigas
mas idiotizados pelos céus, sacaneados pelos anjos.
feliz do dia em que houver alguém que acorde e não se olhe no espelho.
até lá, somos escravos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Peter Pan do mau, a sombra, o vento ruim

Ai, sai daqui com teus trapos, memória infertil. Larga-me ao meu vicio de esquecer-me, afugenta-te, entende que estou dolorida e vou morrer de amor. Va-se! Morte como esta não satisfaz, adia, só. Foge de mim enquanto ainda estou jogada no chão e não posso correr. Que jogo esse que jogamos conosco mesmos, perecível divindade. Tudo o que resta sempre e igual - o marmore e o mau. Tudo fruto de apedrejamentos e apodrecimentos das tonturas boas em conserva, faltaram especiarias. O ser docificado e maior do que todos os seres, ao menos em simbolo, gasta sua imagem. Deixa que durma, asa ruim, criação nefasta, imagem distorcida, mentira de mel. E vai dormir também, para que, mais tarde, eu te desperte. Ou alguém te desperte em mim.

domingo, 1 de agosto de 2010

Uma música clássica quase mudou minha concepção

perdi o sinal
isso foi a coisa mais triste que já me aconteceu em vida

corri desesperada
mas, nada

mais nada! correr é tolo
quase como dizer 'quando perde-se'
quando o certo é dizer
'quando se perde'
tolinho, tolinho

nextel é foda

correr é erro de português
é erro de inglês, erro de retorno

quase como quando há eco
e não se consegue dizer 'oi'
sem que volte 'oi'
e assim se fica para sempre
'oi'
'oi'
'oi'
'oi'
conversa circularmente tolinha

então repete-se sempre a mesma história
com a mesma Soraia e o mesmo lucas com 'l' minúsculo
de sempre

Soraia, modelo de biquinis da estação, lucas com 'l' minúsculo, o bosta de seu namorado

isso era para ser uma poesia que era para ter nexo
mas que resolveu seguir o curso poético

- formei-me no curso de inglês no final do ano passado, o que foi ótimo, mas ainda não peguei o meu diploma, será que eles ainda têm? -

das poesias em geral, perdendo qualquer sentido

tiraram uma placa que dizia 'direita',
o que mudou tudo.

mudou tudo, tudo, tudo...