você que já veio e você que está

domingo, 2 de agosto de 2009

Lúcia e Marcos


- Eu quero contrô! Me traz a minha garrafa de contrô! Nós vamos sair pela porta da esquerda que não é uma porta, é aquele portão magnífico, que tem aqueles adornos banhados a ouro maravilhosos. Me fazem sentir como a Marilyn Monroe totalmente bêbada! Meu contrô! E nós, Jean-Robert, vamos ganhar o mundo assim que sairmos por aquela porta deslumbrante, eu com o meu vestido Donna e você com os seus sapatos que eu vou mandar engraxar com o mais famoso engraxate de toda Veneza! Ah, Jean-Robert, nós vamos estar em Veneza quando sairmos pela porta cujos adornos são metálicos, porque em Manhattan é que tem dessas coisas. De repente tudo vai ficar dourado, nessa hora vão ter três saxofonistas de cada lado, que eu já contratei no mês passado, para anunciar a nossa entrada. Vamos entrar assim que rugirem os tambores. Quer dizer, vamos sair. Ou melhor, vão anunciar a nossa saída e a nossa conseguinte entrada. Porque quem sai acaba entrando em algum lugar, é, Jean-Robert, ou não é? Aí então vamos desfilar, eu com os meus sapatos e você com o seu vestido, os dois estampando os mais sínicos e invejáveis sorrisinhos que já se viu em toda Dinamarca! Veneza vai parar para nos assistir, Jean-Robert. Meu contrô, antes! Mas temos que ter muito cuidado com o Rei, toda essa história de dourado costuma deixá-lo muito sensível. E nós não queremos que a morte do Duque ofusque o brilho de nossa passagem. Nós vamos passar pelo tapete vermelho, não, vermelho não, dourado, que, onde tudo é dourado, é metálico também o tapete, então vamos passear pelo tapete dourado e seremos saudados por todos os figurantezinhos da ocasião. Todos dourados. Podemos pintá-los com spray. Bem, não importa, tudo, tudo, tudo metálico, pode ser mais espetacular, Jean-Robert? E agora ligue na Paradiso e trance os meus cabelos.

- Ok, Lúcia.